‘Brasil é solução para data centers’, diz presidente da Elea

70% dos arquivos nacionais estão em centros de dados dos EUA

Arquivo RMC
Luciano Meira – Agências

O presidente da Elea Data Centers, a principal plataforma de infraestrutura digital sustentável instalada no Brasil, Alessandro Lombardi, acredita que o Brasil seja uma solução a curto prazo para o problema mundial de energia para abastecer centros de dados devido ao seu “grande potencial em recursos naturais”.

A declaração foi dada durante o evento Elea Green Tech Summit, em São Paulo, que reuniu players do setor para debater como o país pode se tornar um hub global de Inteligência Artificial (IA) sustentável.O executivo italiano lembrou que Europa e Estados Unidos “estão aumentando o uso de combustíveis fósseis”, o que tem gerado controvérsias com as comunidades locais devido ao impacto ambiental. Para isso, os americanos “estariam trabalhando para utilizar energia nuclear, cujas centrais não ficarão prontas em menos de 15 anos”.“Para este momento, temos o vento do Ceará, a energia solar de Minas Gerais e Rio de Janeiro e a usina hidrelétrica de Itaipu, que não estão sendo utilizadas”, disse Lombardi, acrescentando que, ao mesmo tempo em que o Brasil tem capacidade para gerar energia suficiente para abastecer os centros de dados, “não tem espaço para armazenar as próprias fotos” da população. “70% estão em data centers americanos”, contou.

Para o presidente da Elea, empresários e o poder público precisam “investir corretamente em infraestrutura para fazer o país crescer, já que recursos não lhe faltam”.

Com 22% da matriz elétrica, energia solar a 2ª maior fonte do país é uma alternativa sustentável para questão dos Data Centers.

A geração de energia solar superou a marca de 55 gigawatts (GW) de potência instalada operacional no Brasil. Desse total, 1,6 GW foi adicionado ao sistema neste ano, segundo balanço divulgado pela Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica (Absolar).

A maior parte da geração de energia solar, 37,6 GW, vem de potência instalada na geração própria, nos telhados ou em quintais de cinco milhões de imóveis em todo o país. O restante, cerca de 17,6 GW, vem das grandes usinas solares conectadas ao Sistema Interligado Nacional (SIN).

Segundo a Absolar, a fonte solar evitou a emissão de cerca de 66,6 milhões de toneladas de gás carbônico (CO²) na geração de eletricidade. A tecnologia representa atualmente a segunda maior fonte de energia do país, correspondendo a 22,2% de toda a capacidade instalada da matriz elétrica.

Apenas de janeiro a março, os consumidores instalaram mais de 147 mil sistemas solares, que passaram a abastecer cerca de 228,7 mil imóveis. Desde 2012, ressalta a Absolar, o setor fotovoltaico trouxe ao Brasil mais de R$ 251,1 bilhões em novos investimentos, criou mais de 1,6 milhão de empregos verdes e contribuiu com mais de R$ 78 bilhões em arrecadação aos cofres públicos.

Estados

De acordo com a Absolar, a geração própria solar está presente em mais 5,5 mil municípios e em todos os estados brasileiros. As grandes usinas fotovoltaicas centralizadas também operam em todos os estados do país.

Entre as unidades consumidoras abastecidas pela geração de energia solar própria, as residências lideram, com 69,2% do total de imóveis, seguidas pelos comércios (18,4%) e pelas propriedades rurais (9,9%). Nos estados, Minas Gerais aparece em primeiro, com mais de 900 mil imóveis com geração solar própria. Em seguida, vêm São Paulo, com 756 mil, e Rio Grande do Sul, com 468 mil.

Desafios

Apesar da expansão da energia solar no país, a Absolar manifesta preocupações. Conforme a entidade, o crescimento poderia ser ainda maior, não fossem os cancelamentos de projetos pelas distribuidoras e a falta de ressarcimento aos empreendedores pelos cortes de geração renovável.

Outro problema são os entraves à conexão de pequenos sistemas de geração própria solar, sob a alegação de inversão de fluxo de potência, sem os devidos estudos técnicos que comprovem eventuais sobrecargas na rede. A Absolar pede a aprovação do projeto de lei que institui o Programa Renda Básica Energética (Rebe) e atualiza a Lei 14.300/2022, que Instituiu o marco legal da microgeração e minigeração distribuída.

No caso das grandes usinas solares, a ausência de ressarcimento pelas regras da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) para os cortes de geração traz insegurança jurídica e maior percepção de risco.

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