Dezenas de municípios de Minas Gerais enfrentam contaminação das águas e solos por agrotóxicos

Ouça esta notícia

11 de janeiro é Dia do Controle da Poluição por Agrotóxicos; prática causa danos à saúde e ao meio ambiente

Da redação | BdF

Com o objetivo de ajudar na conscientização da população sobre os malefícios para a saúde e para o meio ambiente, no Brasil, desde 1990, 11 de janeiro é o Dia do Controle da Poluição por Agrotóxicos. Isso porque, na avaliação de especialistas, o uso excessivo desses produtos químicos causa danos irreparáveis, contaminando as águas e os alimentos, além de provocar doenças nos animais, incluindo os humanos.

˃˃Receba notícias no seu WhatsApp˂˂

Em Minas Gerais, dezenas de municípios convivem com a contaminação provocada pelos pesticidas, dados do Ministério da Saúde, divulgados em dezembro de 2023, indicaram que as redes de abastecimento de água de aproximadamente 90 cidades da região Sul do estado continham agrotóxicos. Dessas, 40 detectaram a presença de 11 produtos químicos. Em oito cidades — Campo Belo, Jacutinga, Nepomuceno, Paraguaçu, Paraisópolis, Poços de Caldas, São Lourenço e Três Pontas — foram identificados 27 tipos de pesticidas.

Um outro levantamento, da Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO), indica que o Brasil utiliza mais agrotóxicos do que a China e os Estados Unidos juntos. Segundo a FAO, em 2021 foram aplicadas 719,5 mil toneladas de venenos em lavouras brasileiras, enquanto a soma das quantidades de produtos utilizados pelos outros dois países foi de 701 mil toneladas.

No fim do ano passado, a Comissão Pastoral da Terra (CPT) divulgou um relatório, realizado em conjunto com o Centro de Documentação Dom Tomás Balduíno (Cedoc), que apontou que o número de contaminações por agrotóxicos no Brasil subiu de 19, no primeiro semestre de 2023, para 182, no mesmo período de 2024. Isso representa um aumento de mais de 900%.

Brasil utiliza mais agrotóxicos do que a China e os Estados Unidos juntos

O agronegócio é um dos principais responsáveis pela utilização intensiva de venenos. Tendo como base a monocultura em grandes extensões de terra, além do uso de agrotóxicos e transgênicos, a atividade desmata áreas e trabalha com maquinário pesado. Na avaliação de especialistas, essas práticas também intensificam a emergência climática, já sentida pela população com a ocorrência cada vez mais recorrente de eventos climáticos extremos, como as secas prolongadas e as fortes chuvas.

A deputada estadual e bióloga de formação Leninha (PT) acredita que a superação desse contexto passa pelo fortalecimento da relação saudável entre o homem e a natureza, pela valorização de grupos e coletivos que experimentam outras formas de produzir, e pela promoção de estudos e pesquisas.

“Os efeitos dos agrotóxicos são extremamente graves. Sobrevivência deve ser a nossa primeira preocupação. Precisamos pensar que estamos em risco enquanto espécie. Adoecidos e adoecendo os demais. Água e solo contaminados, alimentos que são ingeridos altamente impactados e que nos contaminam cotidianamente”, alerta.