Do acampamento em BH ao desespero na Flórida: Líder golpista posta vídeo aos prantos procurando por Dudu Bananinha

Esdras Jônatas dos Santos, apontado como um dos líderes do acampamento na Avenida Raja Gabaglia, em Belo Horizonte – Reprodução Redes Sociais – Arte RMC
Luciano Meira

A vida prega peças. Quem diria que um empresário bolsonarista, conhecido por agitar massas e articular acampamentos com o objetivo de pressionar as Forças Armadas a aderir a um movimento golpista, apareceria aos prantos nas redes sociais, pedindo “socorro em nome de Jesus”? O protagonista dessa cena, digna de um roteiro improvável, é Esdras Jônatas dos Santos, apontado como um dos líderes daquele acampamento barulhento na Avenida Raja Gabaglia, em Belo Horizonte.

Hoje, Esdras não está mais convocando apoiadores em frente a quartéis. Ele vive escondido em Fort Lauderdale, na ensolarada Flórida, nos Estados Unidos. O motivo? Ele é foragido da Justiça brasileira pelos atos golpistas de 8 de janeiro de 2023. E não está sozinho nessa aventura transnacional: sua ex-esposa, Kathy Le Thi Thanh My dos Santos, também procurada pela Justiça, compartilha o “exílio” americano com ele, apesar de o casal estar separado atualmente.Investigadores acusam Esdras de ter tido um papel bastante ativo na tentativa de golpe contra o Estado Democrático de Direito, financiando e organizando as manifestações que culminaram na depredação das sedes dos Três Poderes em Brasília. Ele teria sido um dos articuladores para montar o acampamento em frente ao 4º Comando do Exército na capital mineira, na esperança de que os militares aderissem ao movimento bolsonarista. Uma “pequena” articulação, né?

Mas a vida de fugitivo parece ser bem menos glamorosa do que os dias de ostentação que Esdras exibia antes de sumir do mapa. Antes de se tornar foragido, ele levava uma vida marcada por viagens a Miami, Paris, Tulum e outras paisagens paradisíacas. Chegou a exibir, com certo orgulho, um Porsche avaliado em R$ 400 mil. Pois bem, esse mesmo Porsche teria sido colocado à venda na tentativa de garantir a sobrevivência nos EUA após a fuga. Uma troca e tanto: do luxo europeu e caribenho para a venda de um carro de luxo para… sobreviver.

Agora, o empresárioe a esposa, que tem mandados de prisão emitidos pelo STF, passaportes cancelados e contas bancárias bloqueadas, e está proibido de usar redes sociais por determinação judicial, reaparece em vídeo, visivelmente abalado e chorando. O paradoxo do foragido que usa a internet proibida para pedir ajuda via internet proibida.

E a quem ele pede socorro nesse momento de “extrema vulnerabilidade”? Nada menos que o deputado federal licenciado Eduardo Bolsonaro (PL), o Dudu Bananinha. Num apelo dramático, Esdras implora para que qualquer pessoa que saiba o paradeiro de Bananinha nos EUA o ajude a fazer contato. A necessidade é urgente: “Pelo amor de Deus, se você conhece Eduardo Bolsonaro, eu peço socorro nessa hora, em nome de Jesus”. E o que ele precisa? Não é dinheiro, segundo ele. É “apoio”. Porque “apoio” de um deputado federal é muito mais fácil de conseguir do que alguns trocados, certo? Especialmente quando se está foragido, acusado de crimes graves como tentativa de golpe de Estado, incitação ao crime e abolição violenta do Estado Democrático de Direito.

Esdras se diz vítima de “perseguição política” e responsabiliza o ministro Alexandre de Moraes por sua situação. Ele, que é investigado por movimentações financeiras suspeitas ligadas ao financiamento dos atos golpistas, alega que chegou a comer lixo para sobreviver nos EUA. Uma narrativa de sacrifício que contrasta, no mínimo, com a tentativa de vender um Porsche de R$ 400 mil.

Enquanto Esdras chora e busca “apoio” na Flórida, a Justiça brasileira segue seu curso. O STF já tornou mais de 500 réus pelo envolvimento nos atos golpistas, e as manifestações fazem parte de uma investigação mais ampla sobre um plano golpista, que já tem 31 réus, incluindo Jair Bolsonaro.

No fim das contas, a cena do empresário foragido chorando e implorando ajuda nas redes sociais proibidas, alegando perseguição enquanto é procurado por orquestrar um golpe, e pedindo “apoio” (que não é dinheiro) a uma figura política associada ao movimento, é no mínimo… peculiar. Um retrato fiel do patriotário que só não relincha por pura modéstia.

Assista ao vídeo:

 

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