Mais pessoas celebram a vida e o amor do que defendem réus: Parada LGBTQIA+ de BH reúne multidão, enquanto ato pró-Bolsonaro fracassa
Enquanto a Parada do Orgulho LGBTQIA+ levou mais de 150 mil às ruas de Belo Horizonte, manifestação em defesa do ex-presidente mobilizou apenas algumas centenas
Luciano Meira
No último domingo, Belo Horizonte deixou claro de que lado da história prefere estar. De um lado, a 26ª Parada do Orgulho LGBTQIA+ coloriu a avenida Afonso Pena com música, alegria e muitos gritos em favor do amor e do respeito, atraindo, segundo estimativas da organização, cerca de 150 mil pessoas. A Polícia Militar não divulgou números oficiais, mas relatórios da imprensa local confirmam uma multidão vibrante e pacífica, celebrando diversidade — um resumo fiel ao espírito da cidade.
Do outro, bem menos animado e infinitamente mais esvaziado, o ato em apoio ao ex-presidente Jair Bolsonaro teve dificuldades já na concentração. O próprio público estimou, com certo otimismo, algumas centenas de participantes, enquanto fotos aéreas davam conta de uma presença bastante discreta. Analistas de redes locais chegaram a relatar que o grupo era facilmente superado pelo número de vendedores de água e seguranças do evento vizinho.
A diferença não passou despercebida nem mesmo aos mais distraídos passantes. Se de um lado o clima era de apoteose, do outro faltavam até cartazes. Vale lembrar que Jair Bolsonaro responde atualmente a dezenas de processos, enquanto lideranças da comunidade LGBTQIA+ lutam por direitos civis básicos — talvez por isso tanta gente prefira festejar a vida e o amor ao invés de defender réus conhecidos.
Desta forma, a capital mineira mandou um recado claro, e com bastante humor: em tempos tão difíceis, melhor mesmo é dançar, celebrar direitos e distribuir abraços. Seja pelo arco-íris ou simplesmente pela vontade de estar no lado certo da história, é evidente que, pelo menos em Belo Horizonte, a maioria preferiu se juntar a quem defende celebrar a vida e o amor — nem que seja só por um dia.
