Deputados exibem bandeira de Trump e expõem subserviência vexatória na Câmara

Parlamentares bolsonaristas prestam homenagem ao ex-presidente dos EUA em protesto, geram racha interno e reforçam o entreguismo da direita brasileira

Bolsonaristas em ato de viralatismo explícito na Câmara Federal – Foto: Reprodução
Luciano Meira

A cena só poderia ser considerada tragicômica: em pleno Congresso Nacional, na manhã desta terça-feira (22), deputados da oposição — em sua maioria do PL e PSD — ergueram uma bandeira com o nome de Donald Trump e o slogan “Make America Great Again” durante protesto contra a decisão do presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), que havia proibido reuniões de comissões até 1º de agosto. Alegando “censura” diante do veto ao ato de louvor ao ex-presidente Jair Bolsonaro, os parlamentares recorreram ao símbolo mais puro do vira-latismo: celebrar uma figura estrangeira polêmica e abertamente hostil ao Brasil — não um ícone nacional, mas o representante máximo dos interesses americanos.Os protagonistas do espetáculo foram Delegado Caveira (PL-PA) e Sargento Fahur (PSD-PR), já famosos por suas posturas extremadas e alinhadas ao bolsonarismo. Ao serem repreendidos pelo próprio líder da oposição, Zucco (PL-RS), e por colegas de partido, tiveram que guardar a bandeira — tamanha foi a percepção de constrangimento e inadequação. “Pode prejudicar”, ouviu-se no plenário, dando sinais claros de que, nem entre bolsonaristas, o gesto foi bem recebido.

O gesto arrancou críticas até de aliados: “Tira essa bandeira daqui”, pediu um deputado constrangido, deixando latente o desprezo nacional que a cena provocou. O presidente da Comissão de Segurança Pública, Paulo Bilynskyj (PL-SP), também minimizou: “Não é o foco da reunião”.

Entreguismo flagrante e o vexame internacional

A subserviência a Donald Trump se tornou ainda mais absurda diante do contexto: poucos dias antes, o governo dos EUA, sob liderança do próprio Trump, impôs tarifas de 50% aos produtos brasileiros, afetando diretamente exportadores e trabalhadores do país. A Polícia Federal, inclusive, investiga a participação de Eduardo Bolsonaro (PL-SP) em articulações com a extrema-direita internacional para pressionar o Executivo brasileiro, o que teria precipitado as sanções americanas. Em lugar de defender o Brasil, deputados da direita se ajoelham, defendendo e reverenciando líderes que nos atacam.

O episódio escancara a crise de identidade e a total ausência de projeto nacional dessa parcela do Parlamento — que, ao invés de buscar caminhos para fortalecer a soberania nacional, prefere transformar o plenário da Câmara num palco de submissão simbólica aos interesses de outro país.

Racha e constrangimento interno – vira-latas sim, cão sarnento nunca!

A iniciativa de homenagear Trump não apenas pegou mal entre a opinião pública, mas também escancarou o racha interno no PL e seus satélites. O líder do PL, Sóstenes Cavalcante (RJ), até tentou justificar o protesto contra o presidente da Casa, mas não conseguiu conter o constrangimento. “Temos subserviência até para submeter a uma decisão ilegal”, lamentou, em outra infeliz ironia que virou contra si mesmo. General Pazuello (PL-RJ) (o ex-Ministro da Saúde que deixou faltar oxigênio em Manaus durante a pandemia), sempre preocupado com o chefe, aquele a quem serviu de forma canina, já que estamos falando de vira-latas que proferiu a frase emblemática “Uma manda, o outro obedece”, chegou a pedir para que placa com o nome de Bolsonaro fosse retirada, temendo mais exposição negativa, como se fosse possível sujar ainda mais o nome do líder da quadrilha golpista, que está com restrições impostas pela Justiça, recolhido em casa usando uma tornozeleira eletrônica e cujo filho está fora do Brasil agindo como um traidor da pátria.

O vira-latismo na política: sintoma de um projeto antipatriótico

Erguer a bandeira de Trump na Câmara não foi apenas uma afronta à democracia e ao decoro parlamentar, mas um exemplo cristalino do complexo vira-lata da direita nacional: é a recusa em valorizar o Brasil para, em vez disso, idolatrar figuras estrangeiras pouco interessadas no destino do país, muitas vezes abertamente contrárias a nossos interesses.

A atitude foi efêmera, mas o vexame permanece. Trata-se de um sinal preocupante da fraqueza de um segmento político mais disposto à submissão e ao espetáculo do que à defesa efetiva do Brasil.

O Metropolitano

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