Vergonha alheia: Bolsonaristas reúnem poucos em SP, RJ e BH, sem governadores evidenciaram o isolamento do ex-presidente e agradecem tarifaço de Trump

Com adesão modesta estimada por especialistas e ausência completa de lideranças da direita, atos pelo perdão judicial a Bolsonaro trouxeram faixas insólitas e agradecimentos para Trump

Reprodução Redes Sociais
Luciano Meira

No domingo, 3 de agosto, manifestações em defesa do ex-presidente Jair Bolsonaro ocorreram em pontos centrais de São Paulo, Rio de Janeiro e Belo Horizonte. Ao contrário do que prometiam seus organizadores, o público estimado por métodos independentes ficou longe de qualquer entusiasmo: segundo pesquisadores do Monitor do Debate Político da USP, que utilizam imagens aéreas e inteligência artificial, cerca de 37,6 mil pessoas estiveram presentes na Avenida Paulista, em São Paulo, com margem de erro de 12%, ou seja, entre 33,1 mil e 42,1 mil manifestantes. No Rio de Janeiro e em Belo Horizonte, os números foram ainda mais discretos: “milhares”, segundo cobertura da imprensa, sem quadros oficiais de órgãos independentes — em BH, as expectativas dos próprios organizadores variavam entre 10 mil e 30 mil, mas registros independentes apontavam para público muito inferior ao pico paulista.O cenário realçou o esvaziamento institucional do bolsonarismo: nenhum governador de direita, incluindo nomes que até dias atrás buscavam o “abraço” eleitoral de Bolsonaro, apareceu para dar apoio aos atos, e outros candidatos preferiram não arriscar desgaste público. O motivo está nas pesquisas: levantamento Datafolha divulgado no domingo mostrou que 61% dos brasileiros rejeitam votar em candidato que defenda anistia para o ex-presidente, o que mudou completamente o cálculo político.

Como se a indigência política e numérica não bastasse, manifestantes surgiram em várias cidades com faixas de agradecimento a Donald Trump — “Thanks, Trump”, “Help, Trump” — em claro apelo ao ex-presidente norte-americano. Diante desse espetáculo, fica evidente: não basta ser autoritário, o bolsonarismo de rua decidiu apostar também na ingenuidade geopolítica. Pedir socorro a autoridades estrangeiras, enquanto traveste seu discurso de “patriotismo”, é mais do que incoerente. Não basta ser reacionário: é preciso ser desligado da própria realidade.

Se o objetivo das manifestações era mostrar força, o resultado foi o oposto: público reduzido, isolamento do ex-presidente e um festival de contradições. A direita pragmática, de olho em 2026, percebeu o recado do eleitorado e prefere manter distância. Aos que restam nas ruas, talvez caiba revisar as bandeiras — ou ao menos lembrar que selfie para Trump não paga boleto nem elege ninguém por aqui.

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