Deputada Beatriz Cerqueira protocola requerimento para esclarecer participação de assessor da Copasa em motim na Câmara dos Deputados

Luciano Meira
Em meio a uma crise que expõe o descompasso entre servidores públicos e a alta gestão política em Minas Gerais, a deputada federal Beatriz Cerqueira (PT-MG) formalizou um requerimento à Comissão de Administração Pública da Câmara dos Deputados solicitando esclarecimentos sobre a participação de Charlles Evangelista, assessor institucional da Companhia de Saneamento de Minas Gerais (Copasa), em um ato de obstrução parlamentar em Brasília, ocorrido em 6 de agosto de 2025.
O requerimento apresentado pela deputada Beatriz Cerqueira, se aprovado pela Comissão de Administração Pública da Assembleia Legislativa de Minas Gerais, torna obrigatória a presença do assessor institucional da Copasa, Charlles Evangelista, para prestar esclarecimentos sobre sua participação em ato de obstrução parlamentar na Câmara dos Deputados, em Brasília. Dessa forma, Evangelista deverá comparecer à comissão, dando resposta formal aos questionamentos levantados pela parlamentar e pelo colegiado.
Fotografado ao lado de parlamentares durante o motim que paralisou os trabalhos legislativos, Evangelista, ex-deputado federal pelo PL e atualmente diretor institucional da Copasa, vê sua conduta sendo investigada pela própria companhia, que busca apurar as responsabilidades e se a presença tinha caráter oficial ou partidário. O episódio escancara uma situação onde funcionários públicos da estatal se posicionam ao lado de movimentos que travam o funcionamento do Congresso, em clara desconexão com os interesses da população mineira e compromissos institucionais.
Além da crítica direta ao servidor, o requerimento e a repercussão do episódio evidenciam a postura do governador Romeu Zema (Novo) e do vice-governador Mateus Simões (Novo), ambos envolvidos em campanhas eleitorais que parecem desviar o foco da administração dos graves problemas do estado. Zema, que lidera atualmente a chapa do Novo para a presidência da República, e Simões, pré-candidato ao governo de Minas em 2026, têm suas prioridades questionadas por parte da sociedade e da oposição, especialmente diante do déficit orçamentário previsto para 2025 em torno de R$ 7,1 bilhões e dos desafios nas áreas sociais e econômicas do estado.
O episódio do motim com a participação do assessor da Copasa torna-se símbolo desse descompasso: um funcionário público com alto salário, mantido em cargo de relevância, é flagrado em ato político que bloqueia o andamento dos trabalhos legislativos, enquanto a população e servidores mais humildes do estado enfrentam demissões, cortes e falta de serviços básicos. Isso evidencia uma política que privilegia interesses eleitorais sobre a obrigação de servir o público com transparência e competência.

A deputada Beatriz Cerqueira pede esclarecimentos formais sobre o motivo da presença de Evangelista no plenário naquele dia, se havia atividades oficiais da Copasa junto ao Congresso e se tal comparecimento fazia parte de suas atribuições institucionais, deixando claro o repúdio a ações que, segundo ela, colaboram para o agravamento da crise política e administrativa em Minas Gerais.
Este momento exige dos governantes foco na gestão pública e respeito às instituições, sob pena de ampliar o desgaste político e o sofrimento dos cidadãos mineiros diante da crise fiscal e social. As campanhas políticas devem dar lugar à responsabilidade de governar, especialmente em um estado com desafios tão complexos como Minas Gerais.
Este panorama, somado às denúncias e requerimentos em curso, alerta para a necessidade urgente de ajustes de postura por parte dos ocupantes dos cargos mais altos do poder estadual, com a cobrança da cidadania e dos legisladores para que essa discussão ganhe transparência e consequências concretas.