Bolsonaro passa por exames médicos em hospital após autorização de Alexandre de Moraes

Ex-presidente, investigado em inquéritos no STF, precisou de aval judicial para sair de casa e comparecer a unidade de saúde neste sábado

Jair Bolsonaro se dirige ao hospital para realização de exames – Reprodução Redes Sociais
Luciano Meira

O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) foi autorizado neste sábado (16) pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), a se deslocar até um hospital em Brasília para a realização de exames médicos. A medida foi necessária porque o ex-mandatário está submetido a medidas cautelares em processos que tramitam na Corte e que restringem sua liberdade de circulação.

Bolsonaro passou a enfrentar uma rotina de acompanhamento médico mais frequente desde que deixou a Presidência, em razão de complicações decorrentes da facada que sofreu em 2018, durante a campanha eleitoral em Juiz de Fora (MG). Desde então, o ex-chefe do Executivo já se submeteu a diferentes cirurgias e avaliações clínicas, sobretudo relacionadas ao sistema digestivo. Por esse histórico, exames periódicos são considerados parte de seu tratamento.A necessidade de autorização judicial se explica porque Bolsonaro responde a diferentes investigações no Supremo, entre elas as que apuram sua participação em incitações antidemocráticas após as eleições de 2022. Desde o início de 2024, Moraes impôs restrições de deslocamento, bem como a entrega do passaporte, para evitar riscos de fuga e garantir a integridade das apurações. Dessa forma, qualquer saída fora da rotina precisa ser comunicada e autorizada pelo magistrado.

A assessoria de Bolsonaro informou que a ida ao hospital se restringiu a exames de caráter preventivo e que não houve intercorrências. Já a defesa do ex-presidente destaca que o cumprimento das medidas judiciais tem sido observado rigorosamente, reforçando que as demandas médicas não podem ser ignoradas por se tratarem de condição de saúde.

Histórico dos inquéritos

Bolsonaro é alvo de diferentes inquéritos que tramitam no STF. O mais avançado deles investiga sua suposta participação nos atos de 8 de janeiro de 2023, quando as sedes dos Três Poderes, em Brasília, foram invadidas e depredadas por apoiadores do ex-presidente. Ele é acusado de incentivar manifestações golpistas e de não agir para contê-las.

Outro front jurídico envolve a apuração sobre a suposta tentativa de desacreditar o sistema eleitoral brasileiro durante a campanha de 2022. Discursos e transmissões públicas realizadas por ele, em que questionava a confiabilidade das urnas eletrônicas sem apresentar provas, são apontados pelo Ministério Público como parte de uma estratégia para fragilizar a democracia.

Há ainda investigações relacionadas ao recebimento irregular de joias oferecidas por autoridades estrangeiras, bem como ao uso da estrutura da Polícia Federal para obter informações privilegiadas. Em paralelo, Bolsonaro enfrenta na Justiça Eleitoral a inelegibilidade declarada pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE), que o impede de disputar cargos públicos até 2030.

Essas frentes de investigação ajudam a explicar a vigilância permanente da Justiça sobre os deslocamentos do ex-presidente, ainda que motivados por questões de saúde. O episódio deste sábado, portanto, ilustra como o cotidiano médico de Bolsonaro se entrelaça às consequências jurídicas de sua atuação política recente.

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