Resquícios de infecções pulmonares, esofagite e gastrite mostram exames de Bolsonaro

Jair Bolsonaro deixa clínica – Foto: Reprodução
Luciano Meira

O ex-presidente Jair Bolsonaro realizou ontem, em Brasília, uma série de exames médicos enquanto cumpre prisão domiciliar. Os resultados apontaram resquícios de infecções pulmonares, esofagite e gastrite, agravando um quadro que já vinha sendo acompanhado devido às complicações geradas pelas múltiplas cirurgias desde o atentado sofrido em 2018. Bolsonaro é réu em processo a ser julgado em 2 de setembro, acusado pela Procuradoria-Geral da República (PGR) de liderar uma trama golpista para se manter no poder.

Bolsonaro deixou temporariamente a prisão domiciliar na manhã de sábado (16) para submeter-se a coleta de sangue, urina, tomografia abdominal e endoscopia no Hospital DF Star. O boletim médico divulgado à tarde revelou “imagem residual de duas infecções pulmonares recentes”, atribuídas a episódios de broncoaspiração, além de persistência de esofagite e gastrite, embora de intensidade menor em relação ao histórico recente. A recomendação da equipe médica é a continuidade do tratamento medicamentoso para hipertensão arterial e refluxo, além de adoção de medidas preventivas de broncoaspiração.Segundo os médicos responsáveis, o tratamento atual não prevê novas intervenções cirúrgicas, apenas adequação nutricional e fortalecimento muscular devido à limitação de atividade física imposta pela prisão domiciliar. Os exames de ontem também serviram para avaliar o sucesso da cirurgia realizada em abril, que resolveu quadros de hérnias e manteve o trânsito intestinal preservado. O refluxo, porém, persiste e é apontado como fator central para as pneumonias recorrentes.

Histórico clínico marcado por internações desde 2018

Os problemas de saúde do ex-presidente têm origem direta na facada sofrida durante a campanha eleitoral de 2018, em Juiz de Fora. Desde então, Bolsonaro passou por nove cirurgias para reparar lesões nos intestinos, retirar bolsa de colostomia, corrigir hérnias e tratar complicações decorrentes das aderências abdominais. Em 2021 e 2022, voltou a ser internado devido a obstruções intestinais. Outras intervenções recentes incluem operações para hérnia de hiato e desvio de septo nasal em 2023, além de tratamento para infecção de pele em 2024.

As recorrentes complicações, como episódios de soluço, refluxo e dificuldade de alimentação, são consequências diretas das lesões e intervenções médicas a que foi submetido nos últimos sete anos.

Prisão domiciliar e julgamento marcado

Desde o dia 4, Bolsonaro cumpre prisão domiciliar em um condomínio de Brasília, por decisão do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF). A situação impede o ex-presidente de participar de eventos públicos ou políticos e restringe visitas a familiares e aliados. O julgamento do processo em que Bolsonaro é acusado de liderar uma organização criminosa para tentar subverter o resultado das eleições presidenciais de 2022 foi marcado para 2 de setembro pelo ministro Cristiano Zanin, presidente da Primeira Turma do STF. Caso condenado, o ex-presidente irá enfrentar novas restrições.

A defesa contesta as acusações da PGR e afirma que não existem provas concretas do plano golpista, mas o processo segue com expectativa de desdobramentos importantes nas próximas semanas.

Próximos passos

A saúde de Bolsonaro permanece como tema central pela gravidade das complicações crônicas, resultado de uma trajetória clínica intensa. A evolução do quadro médico pode impactar sua rotina sua defesa no processo judicial. O desfecho do julgamento previsto para setembro é aguardado com grande expectativa, tanto por seus aliados quanto por opositores.

O Metropolitano

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