Câmara barra manobra do PL e escancara atuação lesiva de Eduardo Bolsonaro, alinhado aos EUA

Presidente da Casa nega nomeação; deputado permanece nos EUA articulando sanções contra Brasil e é alvo de fortes críticas por postura de traição nacional

Deputado Eduardo Bolsonaro (PL/SP) usa boné com o slogan de Trump MAGA- Make América Great Again – Faça América Grande Novamente – Reprodução Redes Sociais
Luciano Meira

A tentativa do Partido Liberal de salvar o mandato de Eduardo Bolsonaro (PL/SP), foi enterrada nesta terça-feira (23) pelo presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), que rejeitou a indicação do deputado para líder da minoria. A movimentação, vista por parlamentares como “vergonhosa”, tinha como objetivo evitar que as faltas de Eduardo fossem computadas, permitindo sua permanência na Casa mesmo vivendo fora do país, sob pretexto de missão oficial.

Despachando dos Estados Unidos desde fevereiro, Eduardo Bolsonaro, ausente das votações desde julho, ocupou seu tempo negociando sanções e impostos americanos diretamente contra o Brasil, articulando a aplicação da Lei Magnitsky ao ministro Alexandre de Moraes e seus familiares além de autoridades e cidadãos brasileiros — atitude que escandalizou membros do Congresso e da sociedade, configurando, nas palavras de críticos, um exemplo clássico de lesão à pátria. O parlamentar não só celebrou publicamente os efeitos das sanções — aplicadas sobre familiares de Moraes e outros brasileiros — como defendeu que tais penalidades são “recados claros” dos EUA, buscando anistia irrestrita para os criminosos condenados por atos golpistas, como é o caso do pai dele.Com atuação mais voltada aos interesses de Trump e do lobby bolsonarista em Washington na defesa de criminosos condenados do que à defesa dos cidadãos brasileiros, Eduardo enfrenta agora o risco iminente de cassação por excesso de faltas, e a própria base bolsonarista já admite a dificuldade de defender sua conduta pública, marcada por apoio explícito à interferência estrangeira e à punição de conterrâneos.

Eduardo Bolsonaro protagonizou missão diplomática reversa: ao invés de trabalhar pelos interesses nacionais, empenhou-se para que sanções dos EUA, com a taxação de 50% de produtos brasileiros exportados para os EUA e a aplicação da Lei Magnitsky, fossem ampliadas contra representantes do governo brasileiro, ampliando o impacto dessas medidas sobre a economia e sobre cidadãos comuns. Parlamentares classificaram a postura como traição, associando o comportamento do deputado, que atuou para ampliar tarifas de importação e exportação de produtos brasileiros, a tentativa de blindagem familiar, já que seu pai, Jair Bolsonaro, foi condenado a mais de 27 anos por tentativa de golpe de Estado, abolição violenta do Estado Democrático de Direito e outros delitos.

Jair Bolsonaro, ex-presidente, enfrenta condenação definitiva por envolvimento na tentativa de golpe de Estado em janeiro de 2023 e crimes conexos, incluindo abolição violenta do Estado Democrático de Direito, além do planejamento e execução dos atos golpistas que resultaram em depredação, ameaças e violações da ordem constitucional. A relação dos filhos, especialmente Eduardo, com os episódios é tratada como uma espécie de rede de proteção, na qual missões internacionais e lobby nos EUA servem prioritariamente ao interesse pessoal e à evasão das consequências judiciais que recaem sobre a família.

Derrotada a manobra de blindagem, a cassação do mandato aparece no horizonte imediato de Eduardo Bolsonaro, enquanto avoluma-se a repulsa generalizada à sua atuação — convertendo-se em símbolo do abandono do interesse nacional em prol de estratégias familiares e de tutela estrangeira. O episódio reforça o desgaste da ala bolsonarista e explicita as fronteiras entre missão pública e interesses privados: quando a lesão à pátria supera qualquer limite, resta apenas o desprezo histórico e a responsabilidade judicial.

O Metropolitano

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