Justiça rejeita pedido de exame de insanidade mental em caso de filho que matou mãe em BH

Matteos França Campos é acusado de matar a própria mãe, professora Soraya Tatiana, e terá julgamento após decisão que não reconheceu indícios de incapacidade mental

A professora Soraya Tatiana Bonfim França e o filho Matteos França Campos
Luciano Meira

A Justiça de Minas Gerais rejeitou o pedido da defesa de Matteos França Campos, de 32 anos, para a realização de exame de insanidade mental. Ele é acusado de matar a própria mãe, a professora Soraya Tatiana Bonfim França, 56 anos, em Belo Horizonte, no dia 18 de julho deste ano. A decisão da juíza Ana Carolina Rauen Lopes de Souza, do 1º Tribunal do Júri Sumariante da Comarca de Belo Horizonte, fundamentou-se na ausência de elementos técnicos ou documentos que indiquem incapacidade mental do réu, como relatórios médicos ou avaliações clínicas.O crime ocorreu no apartamento onde mãe e filho viviam, no bairro Santa Amélia, região da Pampulha. Matteos confessou ter estrangulado Soraya Tatiana após uma discussão motivada por questões financeiras, especialmente relacionadas às dívidas que tinha acumulado devido a jogos de aposta online. Após o assassinato, o corpo da vítima foi ocultado em um local ermo em Vespasiano, onde foi encontrado cinco dias depois, parcialmente coberto por um lençol e com sinais de violência. Além do feminicídio, ele também é acusado de ocultação de cadáver e fraude processual, pois tentou simular o desaparecimento da mãe por meio do uso do notebook dela para enviar mensagens para amigas.

A juíza ressaltou que relatos de problemas com jogos de apostas, isoladamente, não são suficientes para caracterizar incapacidade mental e estabelecer a necessidade do exame, especialmente sem qualquer documentação técnica que corrobore tal condição. Também foi negado o pedido da defesa para acesso às informações de bancos e sites de apostas, com base no princípio constitucional do sigilo de dados.

Matteos França Campos responderá ao processo que tramita no Tribunal do Júri com audiências de instrução marcadas para os dias 18 e 19 de novembro de 2025. A denúncia do Ministério Público prevê pena de até 40 anos de prisão caso seja condenado pelo crime de feminicídio, com possibilidade de aumento por asfixia com recurso que dificultou a defesa da vítima, além das acusações pelos crimes conexos.

Soraya Tatiana era professora de História desde 2017, atuando no Colégio Santa Marcelina em Belo Horizonte, e era reconhecida por seu trabalho e relação com estudantes e colegas, tornando o crime ainda mais chocante para a comunidade em que vivia.

Especialistas afirmam que essa decisão judicial marca um passo importante na condução do caso, destacando a necessidade de provas concretas para a instauração de incidentes de insanidade mental, e prepara o próximo capítulo do processo criminal que deve esclarecer toda a dinâmica do feminicídio e suas consequências para as vítimas indiretas, especialmente familiares e amigos.

O Metropolitano

Jornalismo profissional e de qualidade. Seu portal de notícias da Região Metropolitana de Belo Horizonte, de Minas Gerais, do Brasil e do Mundo.
Botão Voltar ao topo