EUA anunciam redução parcial de tarifas sobre produtos brasileiros
Medida beneficia setores agrícolas, mas sobretaxa de 40% permanece para boa parte das exportações

Luciano Meira
O governo dos Estados Unidos anunciou nesta sexta-feira, 14 de novembro, uma redução das chamadas tarifas de reciprocidade impostas sobre cerca de 826 produtos agrícolas brasileiros, entre eles café, carne bovina, banana, açaí, castanha-do-pará, laranja e tomate. A decisão, tomada via ordem executiva da Casa Branca, visa aliviar a pressão sobre os preços dos alimentos nos EUA, mas mantém a sobretaxa de 40% sobre parte significativa dos produtos, implementada em julho deste ano.
Histórico das tarifas: alta recorde seguida de flexibilização parcial
Até abril de 2025, produtos brasileiros estavam sujeitos à tarifa global de 10% determinada pelo presidente Donald Trump, como parte de uma escalada protecionista em meio a disputas comerciais e razões políticas. Em julho, porém, o governo americano elevou o imposto para 40%, aprofundando o impacto nas exportações do Brasil e colocando em risco a competitividade dos produtos nacionais frente aos concorrentes internacionais.
A decisão de baixar para 0% a taxa de reciprocidade anunciada no início do ano representa um alívio pontual para setores como carnes, frutas tropicais e café, importantes para o agronegócio brasileiro, mas não elimina o cenário de restrições. Exportadores de café e carnes, por exemplo, destacam que a maior tarifa extraordinária ainda segue valendo, e que parte das reivindicações do setor não foi atendida na íntegra por Washington.
Reações e próximos passos nas negociações bilaterais
O Ministério da Agricultura, assim como a Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes (Abiec), manifestou que a decisão é positiva e reforça o diálogo entre os dois países. Contudo, exportadores ainda aguardam uma posição final dos EUA sobre o mapa de negociação enviado por Brasília, que busca suspender também a tarifa adicional de 40% e garantir maior acesso ao mercado norte-americano.
Representantes do agronegócio avaliam que o Brasil precisa seguir articulando para ampliar o alcance das reduções, já que custos elevados do café e carne nacional nos EUA abriram espaço para concorrentes como Honduras e Vietnã. Em paralelo, setores como suco de laranja e frutas tropicais comemoram o benefício, mas cobram uma política mais estável para exportações futuras.
A redução parcial das tarifas representa alívio, mas mostra que ainda há obstáculos significativos para a retomada plena das exportações brasileiras aos Estados Unidos. O governo brasileiro sinaliza que seguirá negociando condições mais favoráveis, enquanto produtores mantêm a expectativa de novas rodadas de flexibilização.
