Não falha um: Ramagem é mais uma galinha verde e amarela que pode estar tentando fugir da prisão
Deputado está nos EUA de forma irregular. Licença médica não comunicada à Câmara não justifica saída do país diante da ordem do STF

Luciano Meira
O deputado federal Alexandre Ramagem (PL-RJ), condenado a 16 anos e 1 mês de prisão pelo Supremo Tribunal Federal (STF) por sua participação na trama golpista que tentou derrubar a democracia no Brasil, está em Miami, nos Estados Unidos, numa movimentação que sugere fuga iminente. Ramagem, que está licenciado por atestado médico até 12 de dezembro, não comunicou formalmente à Câmara dos Deputados sua saída do país — uma irregularidade grave, à luz da ordem explícita da Suprema Corte que proibiu sua saída do Brasil e determinou o cancelamento de seus passaportes.
Informações apuradas pela Polícia Federal indicam que Ramagem teria burlado controles oficiais ao cruzar a fronteira por país vizinho e embarcar em voo aos EUA utilizando passaporte diplomático, mesmo com o documento cancelado no Brasil. O sistema internacional não teria gerado bloqueios, já que estes geralmente ocorrem apenas por mandados de prisão ou alertas da Interpol, e o deputado não é oficialmente foragido, pois recorre em liberdade enquanto aguarda o trânsito em julgado da condenação.
Enquanto isso, o deputado votou remotamente em um projeto de lei antifacção, provocando ainda mais estranheza diante do afastamento por licença médica. A Câmara informou que não recebeu qualquer comunicação formal da viagem e que não autorizou missão oficial ao exterior para Ramagem, o que reforça a impressão de que a licença médica serviu apenas de escudo para uma fuga estratégica no momento em que a condenação se aproxima da execução da pena.
O PSOL já solicitou ao STF a prisão preventiva imediata de Ramagem, argumentando concretos riscos de fuga e tentativa de esquivar-se da justiça, o que inclui o não cumprimento das medidas cautelares impostas pela Corte, como a entrega de passaportes e a proibição de deixar o território nacional. A movimentação de Ramagem ecoa a postura covarde e evasiva de outros envolvidos na trama, como o ex-presidente Jair Bolsonaro, que também teme enfrentar a prisão em Papuda, reforçando o cenário de impunidade e tentativa de fuga dos golpistas.
Assim, Ramagem se apresenta como mais um personagem da novela golpista que, diante da iminência da efetivação das punições, prefere fugir, ou criar narrativas, como o líder da Organização Criminosa Jair Bolsonaro, a encarar as consequências legais, deixando clara a fragilidade moral dos que ameaçaram as instituições brasileiras em 2023.
Essa situação expõe falhas no controle sobre a saída de pessoas impedidas judicialmente e evidencia o desafio do sistema de justiça para garantir que condenados respondam pelos seus atos sem se esconder atrás de licenças médicas ou manobras burocráticas. A cidadania e a responsabilização penal parecem, para Ramagem e seus comparsas, algo a ser driblado ao primeiro sinal de punição. É o espetáculo de uma fuga anunciada, com direito a roteiro de escapatória internacional e aplausos apenas entre os excêntricos do autoritarismo da mesma laia.
* – a expressão galinha verde e amarela é uma alusão aos fascistas de Plínio Salgado que uniformizados com camisas verdes, os covardes que foram postos a correr e ficaram conhecidos como galinhas verdes. Já os golpistas contemporâneos preferem as camisas da seleção verde e amarelas.
