Amor bandido: Vereador é indiciado por homicídio qualificado após assassinato de ex-noivo em Formiga-MG
Vítima descobriu ter contraído o vírus HIV, sem ter sido informada pelo vereador sobre sua sorologia positiva
Luciano Meira
O vereador Lucas Coelho (PSD), de 33 anos, do município de Araújos, região Central de Minas Gerais, foi indiciado pela Polícia Civil por homicídio qualificado após o assassinato do ex-noivo, Jhonathan Silva Simões, de 31 anos, em Formiga, no Centro-Oeste mineiro. O crime ocorreu no dia 29 de maio, quando a vítima foi alvejada por seis tiros ao chegar em casa, no bairro Sagrado Coração de Jesus, após o trabalho.
Segundo as investigações, o crime foi premeditado. Imagens do sistema de videomonitoramento Olho Vivo mostram um carro preto, sem placas, chegando à casa da vítima, onde o suspeito aguardou por cerca de 45 minutos antes de efetuar os disparos pelas costas de Jhonathan, que não teve chance de se defender. Após o crime, o autor fugiu do local e devolveu o veículo alugado utilizado na ação um dia antes de se apresentar à polícia.
A Polícia Civil destacou que o relacionamento entre os dois era conturbado, marcado por agressões e ameaças. Em fevereiro de 2025, Jhonathan chegou a registrar um boletim de ocorrência relatando agressão, dano ao veículo e ameaças proferidas por Lucas Coelho, incluindo a frase: “Vou derramar seu sangue, você vai sofrer o luto em Formiga”. O relacionamento se agravou ainda mais quando a vítima descobriu ter contraído o vírus HIV, sem ter sido informada pelo ex-noivo sobre sua sorologia positiva, o que contribuiu para o quadro de violência e ressentimento.
Antes do assassinato, Jhonathan tentou obter uma medida protetiva contra o ex-noivo, alegando perseguição e ameaças, mas o pedido foi negado pela Justiça sob a justificativa de que a medida seria destinada apenas a mulheres.
O caso gerou forte comoção na região e levantou discussões sobre a necessidade de proteção a vítimas de relacionamentos abusivos, independentemente do gênero.
Lucas Coelho se apresentou à Delegacia Regional de Bom Despacho no dia 5 de junho, acompanhado de advogados, e optou por permanecer em silêncio durante o depoimento. Inicialmente, a prisão foi decretada como temporária, mas a Polícia Civil já solicitou a conversão para prisão preventiva. O vereador foi indiciado por homicídio qualificado, com agravantes de emboscada e impossibilidade de defesa da vítima.