Datafolha mostra inviabilidade eleitoral à presidência para Romeu Zema

Zema segue com intenções de voto inferiores aos que declaram voto branco ou nulo

Romeu Zema (Novo) Foto: Reprodução Redes Sociais
Luciano Meira

A pesquisa Datafolha divulgada no sábado (14) expôs de forma contundente a fragilidade da eventual candidatura presidencial do governador de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo), para 2026. Em todos os cenários testados para o primeiro turno, Zema aparece com índices de intenção de voto que não superam o percentual dos eleitores que declaram voto branco, nulo ou nenhum — um sinal claro de inviabilidade eleitoral em âmbito nacional.No principal cenário apresentado pelo Datafolha, Zema registra apenas 5% das intenções de voto, empatado com Ronaldo Caiado (União Brasil) e bem atrás de Lula (PT), Jair Bolsonaro (PL) e Ratinho Junior (PSD). O grupo de eleitores que pretende votar em branco, nulo ou nenhum chega a 10%, o dobro do apoio a Zema. Em outro cenário, com Fernando Haddad (PT) como candidato, Zema alcança 6%, enquanto brancos, nulos e nenhum somam 17%, quase três vezes mais do que o governador mineiro.

Esse desempenho modesto não é novidade e se repete em pesquisas anteriores, indicando que Zema não consegue romper a barreira de desconhecimento nacional e de rejeição fora de Minas Gerais.

A dificuldade de Zema em se projetar nacionalmente está diretamente relacionada ao desgaste de sua gestão em Minas Gerais. O governador enfrenta críticas crescentes em áreas sensíveis como segurança pública, funcionalismo, patrimônio público e educação superior.

Desempenho da segurança pública abaixo da média nacional

Apesar de o governo divulgar quedas em alguns índices criminais, Minas Gerais registrou aumento expressivo na letalidade policial e nas mortes de agentes de segurança em 2024, segundo o Mapa da Segurança Pública de 2025. O número de pessoas mortas por policiais subiu 43,17% em um ano, desempenho pior que a média nacional e só inferior ao de São Paulo. Esses dados contrastam com a imagem de estado seguro promovida pelo governo e alimentam críticas sobre a condução da política de segurança.

Arrocho salarial e desgaste com servidores públicos

O governo Zema enfrenta forte desgaste junto ao funcionalismo mineiro. Em 2025, não houve recomposição salarial para os servidores estaduais, sob a justificativa de falta de condições orçamentárias. Além disso, o governador barrou reajustes e retirou emendas que garantiriam o salário mínimo para todos os servidores, provocando protestos e mobilizações de diversas categorias do funcionalismo, especialmente nas áreas de saúde, educação e segurança pública. Parte dos trabalhadores da educação, por exemplo, acumula perdas salariais desde 2019 e denunciam o descumprimento do piso nacional do magistério.

Privatizações e venda de patrimônio público

Outro fator de impopularidade é a agenda de privatizações e venda de ativos públicos. Zema encaminhou à Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG) um pacote de projetos para adesão ao Programa de Pleno Pagamento de Dívidas dos Estados (Propag), que prevê a entrega ou venda de mais de 340 imóveis públicos, incluindo escolas, hospitais, universidades e até a sede do governo estadual. O governo também avança com a privatização de empresas estratégicas, como Cemig, Copasa e Codemig, o que gera forte oposição de servidores e setores da sociedade civil.

Desmonte da UEMG e exclusão do debate público

A proposta de federalização e possível desmonte da Universidade do Estado de Minas Gerais (UEMG), sem diálogo com a comunidade acadêmica, é alvo de críticas de docentes e estudantes, que denunciam a ameaça à autonomia universitária e à continuidade da instituição. Além disso, o governo Zema apresentou projetos de emenda à Constituição Estadual que facilitam a venda do patrimônio público, restringindo a participação popular e o controle social sobre decisões estratégicas para o futuro do estado.

O acúmulo de problemas administrativos, a falta de avanços em áreas sensíveis e a agenda de privatizações têm ampliado a rejeição ao governador, inclusive entre setores que o apoiaram em eleições anteriores. O Datafolha mostra que, mesmo em Minas Gerais, o índice de votos brancos, nulos e indecisos frequentemente supera ou se aproxima do apoio a Zema, um sinal de que sua base de sustentação está enfraquecida.

No contexto nacional, a candidatura de Zema não consegue decolar, seus índices são sistematicamente inferiores ao percentual dos que rejeitam todos os candidatos ou optam por anular o voto, demonstrando que, até o momento, o governador de Minas não se apresenta como uma alternativa viável para o eleitorado brasileiro.

A pesquisa Datafolha reflete não apenas a inviabilidade eleitoral de Romeu Zema para a Presidência, mas também o desgaste de sua gestão em Minas Gerais, marcada por crises na segurança, insatisfação do funcionalismo, tentativas de privatização e desmonte de patrimônio público, que deve atingir seu candidato ao governo do Estado, o vice-governador Mateus Simões (Novo).

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