Deputados federais mineiros do PL defendem pautas autoritárias e ignoram temas sociais urgentes

Domingos Sávio e Nikolas Ferreira priorizam anistia a golpistas e perseguição política enquanto importantes projetos sociais ficam parados

Nikolas Ferreira (PL), Domingos Sávio (PL) – Fotos: Reprodução – Arte RMC
Luciano Meira

Enquanto pautas de interesse essencial da sociedade, como a isenção de Imposto de Renda para brasileiros que ganham até R$ 5 mil e reajustes salariais de servidores públicos, continuam à espera de votação no Congresso, parlamentares do PL em Minas Gerais se ocupam com projetos que ameaçam a democracia e o direito ao trabalho digno.

O deputado Domingos Sávio, presidente do PL em Minas Gerais, declarou que o foco da oposição será a anistia aos condenados pela tentativa de golpe de Estado, incluindo o ex-presidente Jair Bolsonaro. Na manifestação do último 7 de Setembro, Sávio defendeu a instalação da chamada Comissão Parlamentar Mista de Inquérito “Vaza Toga” para investigar o ministro Alexandre de Moraes, a quem acusa de governar como “ditador” e perseguir adversários políticos. Ele também incita o que chama de “movimentações nas ruas” para pressionar essa anistia, ignorando que os crimes imputados pela Justiça têm base sólida e são graves atentados à ordem constitucional.Enquanto isso, o deputado Nikolas Ferreira ultrapassa todos os limites ao incentivar publicamente que empresários demitam trabalhadores que expressem orientações político-ideológicas opostas às suas, desrespeitando flagrantemente a Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), a Constituição Federal e as normas internacionais da Organização Internacional do Trabalho (OIT). Em suas redes sociais, Nikolas chegou a comemorar demissões de profissionais classificados por ele como “extremistas de esquerda” e incentivou denúncias contra pessoas com opiniões divergentes, promovendo um clima de perseguição política no ambiente profissional e na sociedade. Ele também lançou campanha contra intelectuais, questionando a presença de funcionários que “fazem apologia ao crime” com base em opiniões políticas, ação que fere princípios básicos de liberdade de expressão e direito ao trabalho.

Além do desprezo às garantias trabalhistas, Nikolas Ferreira também tem protagonizado ataques controversos e públicos a universidades brasileiras, acusando-as de formação “de pessoas que desejam matar opositores políticos” — uma declaração absurda e irresponsável, que contribui para a polarização e o ódio no meio acadêmico e social.

Essa postura do PL mineiro esvazia o debate político no país e distancia o Congresso das demandas reais da população. Enquanto deputados como Sávio e Nikolas investem esforços em pautas anti-democráticas e perseguições, temas cruciais para o desenvolvimento social e econômico, como o Projeto de Lei que propõe isenção do Imposto de Renda para trabalhadores que recebam até R$ 5 mil mensais, seguem sem avanços. Este projeto poderia impactar positivamente a vida de milhões de brasileiros, reduzindo a carga tributária sobre a parcela da população que menos ganha, mas é ignorado em meio à agenda de interesses pessoais e partidários.

É necessário que haja reflexão e responsabilização sobre o papel do parlamentar, que deve representar e defender a sociedade em suas diversidades, promover o diálogo e garantir os direitos fundamentais, não fomentar zonas de confronto e exclusão, nem usar seu mandato para encobrir criminosos e seus bandidos de estimação, atacando instituições e trabalhadores.

Enquanto pautas sociais emergenciais dormem em gavetas, o Brasil assiste, alarmado, à escalada autoritária e intolerante de parte dos seus representantes eleitos. Um atentado às liberdades que deveria ser combatido com urgência e veemência pela sociedade civil e pelos demais poderes da República.

O Metropolitano

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