Deputados mineiros: defesa de Bolsonaro e o voto pela “Devastação”

Luciano Meira

Na madrugada desta quinta-feira (17), 26 dos 53 deputados federais mineiros ajudaram a aprovar, na Câmara, o chamado “PL da Devastação” – projeto que reduz drasticamente a proteção ambiental ao flexibilizar e, em muitos casos, praticamente extinguir as exigências para o licenciamento de atividades com risco ao meio ambiente. Não por acaso, muitos desses mesmos congressistas saíram rapidamente em defesa do ex-presidente Jair Bolsonaro, alvo de nova operação da Polícia Federal nesta sexta-feira, reforçando a velha aliança entre setores que pouco ou nada têm de ambientalistas e a retórica de impunidade típica do bolsonarismo.A votação do PL, relatado por Zé Vitor (PL-MG), foi marcada por apoio praticamente unânime dos deputados ligados ao agronegócio e à bancada bolsonarista. Entre os mineiros, predominaram favoravelmente nomes também presentes nas fileiras de defesa pública do ex-presidente, nas redes sociais e tribunas do Congresso, em um roteiro que repete a prioridade a interesses econômicos acima de qualquer preocupação ecológica – e, nesta semana, acima de qualquer freio à Justiça.

O PL da Devastação permite “autolicenciamento” para grandes obras, dispensa agronegócio de exigências ambientais e fraqueja na proteção de terras indígenas e quilombolas. Um verdadeiro retrocesso institucional, como apontam entidades ambientais, e que só surpreende quem ainda espera compromisso ambiental de quem historicamente fez da proteção ecológica apenas promessa de campanha ou moeda de troca política.

Veja quem são os deputados federais mineiros que votaram a favor do PL da Devastação:

Defender Bolsonaro é o mínimo de quem já vota contra o ambiente

Quando se trata de priorizar interesses do agronegócio e flexibilizar o licenciamento ambiental, parte considerável da bancada federal mineira se mostra alinhadíssima à retórica bolsonarista — e vai além: os mesmos nomes que votaram a favor do “PL da Devastação” passaram as últimas horas em cruzada pública de defesa de Jair Bolsonaro e ataque à Polícia Federal, após a operação deflagrada contra o ex-presidente.

O padrão é claro, deputados federais mineiros que defendem Jair Bolsonaro diante das ações da Polícia Federal são, em sua maioria, os mesmos que jogaram a favor da “liberação geral” para o agronegócio, mineração e obras sem a devida fiscalização ambiental. Ou seja: defender o ex-presidente de acusações gravíssimas é só mais um capítulo do roteiro de defesa de interesses e narrativas em que o meio ambiente está sempre em segundo plano.

Em resumo, proteger Bolsonaro e flexibilizar o licenciamento ambiental são lados do mesmo projeto político: garantir impunidade e retrocesso em nome de interesses de grupos poderosos – tudo sob o discurso da luta contra supostas “perseguições” ou do “progresso econômico”. O resto da natureza, do país e da ética que aguente.
Afinal, esperar compromisso ambiental de quem se dedica a blindar Bolsonaro é como aguardar sombra de árvore devastada.