Devidamente escoltado, Bolsonaro recebe alta e retorna à prisão domiciliar

Estado de saúde e rotina médica complicam vida do ex-presidente, que segue inelegível até 2060

Devidamente escoltado, Jair Bolsonaro retorna para prisão domiciliar – Foto: Reprodução Redes Sociais
Luciano Meira

Em Brasília, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) deixou o hospital DF Star na tarde deste domingo (14) após passar por uma série de exames e procedimento para retirada de lesões na pele. O episódio, autorizado judicialmente, marca a primeira saída do político da prisão domiciliar desde sua condenação a 27 anos e três meses, por tentativa de golpe de Estado. Boletins médicos indicam um quadro de anemia por deficiência de ferro e imagem residual de pneumonia recente, além da necessidade de diversos acompanhamentos clínicos. No âmbito jurídico, Bolsonaro permanece sob intensa vigilância, inelegível até 2060 devido à condenação pelo Supremo Tribunal Federal (STF).

O que ocorreu neste domingo

Bolsonaro chegou escoltado ao hospital nas primeiras horas da manhã, acompanhado pelos filhos Carlos Bolsonaro e Jair Renan. Após exames laboratoriais e tomografia, foi submetido à remoção de oito lesões na pele, procedimento realizado com anestesia local e sedação, sem intercorrências. O boletim médico divulgado pela equipe do hospital destaca que o ex-presidente apresenta “anemia ferropriva” e sinais remanescentes de pneumonia recente por broncoaspiração, além de apontar a necessidade de suplementação intravenosa de ferro e de manutenção do tratamento contra hipertensão e refluxo gastroesofágico.A saída de Bolsonaro mobilizou um robusto esquema de segurança, com forte presença policial e concentração de apoiadores na porta do hospital, muitos deles portando bandeiras do Brasil e dos Estados Unidos, demonstrando apoio ao ex-presidente em clima de vigília política.

Fragilidade clínica e repercussão jurídica

Especialistas ouvidos e relatórios médicos sinalizam que Bolsonaro encontra-se “bastante fragilizado”, sobretudo por sua rotina alimentar prejudicada no último mês e pelas múltiplas intervenções cirúrgicas a que foi submetido desde o atentado de 2018. Episódios recentes de soluços intensos e vômitos seguem marcando sua rotina, agravando o quadro clínico e justificando medidas cautelares para manutenção do regime domiciliar.

No campo jurídico, a ida ao hospital só ocorreu após autorização do ministro Alexandre de Moraes, do STF, conforme prevê as restrições impostas à prisão domiciliar. Neste contexto, a defesa do político tem até 48 horas para apresentar laudos detalhados ao Supremo, especificando datas e horários dos atendimentos. O processo que culminou na condenação a 27 anos e três meses de prisão foi conduzido pela Primeira Turma do STF, que atribui ao ex-presidente liderar organização criminosa, tentativa de golpe de Estado e outros delitos conexos. A defesa promete recorrer à instâncias internacionais alegando “penas excessivas”.

Implicações políticas e perspectivas

Com a nova condenação, Bolsonaro está inelegível até 2060 pela Lei da Ficha Limpa, que determina o afastamento de candidatos condenados por órgãos colegiados por mais de oito anos após o término da pena. A suspensão dos direitos políticos é automática, tornando o ex-presidente inelegível até que complete a pena e o período subsequente previsto pela legislação brasileira. Sua defesa considera recorrer tanto na esfera nacional quanto internacional, mas especialistas apontam baixo potencial de reversão com base na jurisprudência atual do STF.

Contexto e próximos passos

A condição médica do ex-presidente é acompanhada com atenção por apoiadores e adversários. Enquanto continua preso em regime domiciliar, Bolsonaro deve manter tratamento rigoroso para diversas enfermidades, além de cumprir exigências judiciais relacionadas ao processo penal. Os laudos anatomo-patológicos das lesões retiradas ainda aguardam resultados definitivos, podendo adicionar novos capítulos à situação clínica do político. O ambiente político segue polarizado, com manifestações públicas e críticas intensas à condução do caso, que permanece no centro do noticiário nacional.

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