E esse tempo hein!
Se tem um assunto que nunca falta no ponto de ônibus é sobre o clima, “e esse tempo, heim!”. – “Você viu que vai esfriar esta semana?”, “Esses dias teve um solzinho, mas já esfriou de novo!”, “Nem me fale! E pra sair da cama de manhã, que sacrifício!” – assim o papo se desenrola com inúmeras queixas. O que muitas vezes não nos damos conta é que o tempo virou um termômetro do humor.
Falar e reclamar do tempo é uma prática comum onde estamos e por onde passamos. Basta uma nuvem mais carregada e já tem quem diga: “Lá vem chuva!”, “Ah minhas roupas no varal!”, ou aqueles quem em tom de revolta dizem: “Quando saí de casa não tava este frio! Nem peguei uma blusa mais quente.”
No meio dessas conversas sempre aparece uma história, como a que aconteceu comigo certa vez que fui a Aparecida do Norte. Não imaginava que lá estaria tão frio e não é que tive comprar uma blusa de frio. Quem não passou um perrengue com mudança de temperatura, seja chuva, frio, calor… Quem já passou por isso costuma ser mais prevenido: “Tá calor, mas vou levar uma bluzinha.”, “Tá estiado, mas vou colocar na mala um guarda-chuva.” Não posso mudar o clima, mas posso mudar como me preparo para ele.
E talvez seja esse o ponto mais importante desta prosa.
Não temos controle algum sobre o tempo, nem o do clima e nem o da vida. Não dá para impedir que faça frio, que chova ou esquente. Como não dá para controlar tudo que acontece ao nosso redor, sejam imprevistos, mudanças, dificuldades… Mas dá para pensar e olhar o que vamos fazer diante disso. Não dá para elevar a temperatura, mas posso me agasalhar melhor.
É exatamente sobre isso: entender que, mesmo que a vida não atenda e nem obedeça aos nossos desejos, nossas atitudes continuam sendo responsabilidade e escolha nossas. Temos algum controle não sobre o que nos acontece, mas sobre como reagimos àquilo que nos acontece. E é justamente aí que faz toda diferença.
No final das contas gastamos tempo demais reclamando do que não está ao nosso alcance e nos esquecemos de fazer o que está. Se não dá pra mudar o tempo, que a gente mude o modo como encará-lo. Às vezes, tudo que precisamos é – não esperar o tempo esquentar, e simplesmente – passar a mão numa blusa que nos aqueça, levantar e seguir em frente.