Empresário que confessou assassinato de gari tenta manipular investigação; esposa delegada é indiciada

Mensagens revelam tentativa de enganar polícia

Mensagens do casal mostram a tentativa de enganar a polícia – Reprodução
Luciano Meira

Após assassinar o gari Laudemir de Souza Fernandes, de 44 anos, o empresário Renê da Silva Nogueira Júnior, de 47 anos, trocou diversas mensagens e ligações com a esposa, a delegada de Polícia Civil Ana Paula Lamêgo Balbino. Nas conversas, interceptadas pela investigação, ele orientou que ela entregasse uma arma “errada” às autoridades, especificamente uma pistola 9mm, e não a usada no crime, uma .380. A delegada, entretanto, não respondeu nem acatou a sugestão do marido, registrando apenas seu silêncio nos autos.

Antecedentes e flagrante

Segundo apuração policial, dias antes do homicídio Renê já trocava mensagens sobre a necessidade de ambos “andarem armados”. Após o crime, ele foi localizado pela polícia em uma academia de luxo e, já detido, solicitou novamente via mensagem que a esposa não entregasse a arma correta. Pouco depois negou envolvimento em novo contato, afirmando: “Estava no lugar errado na hora errada. Amor, eu não fiz nada”.Dinâmica do crime e captura

O crime ocorreu na manhã do dia 11 de agosto, quando uma discussão de trânsito no bairro Vista Alegre, região Oeste de Belo Horizonte, terminou com Renê ameaçando a motorista de um caminhão de coleta e atirando contra Laudemir, que realizava seu trabalho. A vítima foi atingida no tórax e não resistiu, indo a óbito após socorro. Renê fugiu do local, mas foi localizado e preso em flagrante horas depois, sem resistir.

Investigação aponta agravantes e tentativa de interferência

Testemunhas afirmam que Renê deixou o local do crime com semblante fechado, afirmando “Acertou em mim” quando reconheceu o disparo. Ele teria agido de modo premeditado, usando uma arma emprestada pela própria esposa, confirmada em perícia como de propriedade de Ana Paula. Após o crime, buscas no celular do empresário mostraram pesquisas sobre consequências legais e informações sobre veículos e comandos de voz, reforçando a tese de tentativa de ocultação e planejamento.

Indiciamento e desdobramentos

Diante das evidências, Renê foi indiciado por homicídio duplamente qualificado, ameaça e porte ilegal de arma. Ana Paula Lamêgo Balbino responde por ceder a arma ao marido, além de estar sendo investigada por omissão e possível favorecimento na esfera administrativa e penal. Ambos podem enfrentar penas severas, inclusive perda de cargo público em caso de condenação da delegada. O processo administrativo disciplinar está em andamento, e a Corregedoria ainda analisa a perícia do celular de Ana Paula.

Repercussão social e manifestação da família

O crime causou forte emoção e revolta entre familiares, colegas e vizinhos da vítima, todos reconhecendo Laudemir como trabalhador exemplar e dedicado à família. A viúva, Liliane França, clamou por justiça e lembrou das dificuldades enfrentadas pela categoria dos garis. O advogado da família já pleiteia bloqueio de bens para garantia de eventual indenização, mas até o momento o pedido foi negado judicialmente por se tratar de fase inicial de investigação.

Perfil do investigado e trajetória profissional

Renê Nogueira se apresenta como executivo experiente no setor de alimentos e bebidas, com passagem por grandes empresas e histórico de liderança. Investigações apontam ainda fascínio por armas de fogo, comprovado em vídeos e registros encontrados, além de demonstração de interesse pelo cargo da esposa.

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