Gerando mais de 90 empregos diretos, Itagusa inicia a produção em Itaguara nesta segunda-feira, 15/06
Siderúrgica retoma a produção nas instalações conhecidas na cidade como “o Forno”

Luciano Meira
Seis meses após o encerramento traumático das atividades da SPL em Itaguara, a instalação industrial onde há quase 50 anos se produz ferro-gusa na cidade reabre suas portas para uma nova fase.

Após diversos períodos de instabilidade, em que algumas empresas iniciaram e encerraram operações no local, a Siderúrgica Itagusa Ltda. surge agora com um diferencial considerado decisivo para o sucesso do empreendimento: será administrada pelo proprietário da instalação.

Nas ocasiões anteriores, as empresas que operaram no local não eram donas dos equipamentos e instalações, que eram alugados ou arrendados. Essa característica, somada à volatilidade típica do mercado internacional de ferro-gusa, influenciava diretamente o sucesso ou fracasso do negócio.A Itagusa é uma siderúrgica que, juntamente com outras sete unidades localizadas em Itatiaiuçu, São Gonçalo do Pará, Divinópolis, Nova Serrana e três em Sete Lagoas, compõe um conglomerado produtor que garante especialização e uma posição sólida no mercado.

Nesta sexta-feira, estivemos na sede da empresa em Itaguara, onde fomos recebidos pelo diretor Emerson Mendes e pelo gerente de produção, João Paulo, que falaram sobre o início das atividades produtivas, previsto para as próximas 48 horas.
Com mais de 90 funcionários, João Paulo destacou que apenas cinco deles não são moradores da cidade, sendo contratados por conta da falta de mão de obra especializada local.
Com uma média salarial acima da informada pelo IBGE em 2021 — em Itaguara, o trabalhador formal recebe em média 1,7 salários mínimos, cerca de R$ 2.900 —, a Itagusa já se posiciona como uma das melhores empresas para se trabalhar na cidade. Além do salário, oferece aos funcionários, que em sua maioria atuam em turnos de seis horas, alimentação, uniforme e demais benefícios trabalhistas inerentes à atividade industrial.
Questionados sobre os problemas que causaram transtornos no período da SPL, como poluição atmosférica e sonora, tanto o diretor quanto o gerente foram enfáticos ao afirmar que todas as medidas para mitigar esses problemas foram adotadas.
“Instalamos novos equipamentos, substituímos o que era necessário e calibramos alguns aparelhos, adequando o processo de produção aos padrões ambientais previstos em lei”, afirmou o gerente João Paulo.
O diretor complementou, ressaltando que a empresa possui todas as licenças necessárias para funcionamento, padrão adotado em todas as suas plantas industriais.
Durante a visita à área de produção, funcionários faziam os últimos reparos e ajustes. Aproveitamos para abordar as questões ambientais que geraram problemas na época da SPL.

Sobre a poluição sonora, o gerente mostrou uma alteração feita na saída do fluxo de ar do filtro de mangas, que deverá “abafar” o som. De fato, durante a entrevista, o motor que gera o fluxo de ar estava ligado e fazia menos barulho que o trânsito da BR-381. O equipamento também foi recalibrado, garantindo mais equilíbrio e menor vibração, o que contribuiu para a redução do ruído.
Em relação à poluição atmosférica, causada pela fuligem da queima do carvão, foram apresentados os ajustes feitos no filtro de mangas e no lavador de gases — uma cortina d’água por onde passa a fumaça, retendo partículas sólidas. Na esteira que transporta minério e carvão para o cadinho — onde ocorre a fusão do material —, peças foram substituídas e partes móveis ajustadas para calibrar o equipamento e reduzir ao máximo a emissão de poluentes.

Essas ações mitigam principalmente os impactos de poluição atmosférica (poeira, fuligem, gases) e sonora, que eram as principais queixas da comunidade durante a gestão anterior da planta industrial. Além disso, a modernização dos equipamentos e a adoção de processos mais eficientes contribuem para um ambiente de trabalho mais seguro e para a redução dos danos ambientais típicos da siderurgia, como emissão de partículas e ruídos excessivos.
Percebe-se também que, todas essas medidas poderiam ter sido adotadas pela SPL, o que não ocorreu por decisões administrativas da época, deixando como legado diversas pendências financeiras em nome da empresa quando de sua saída de Itaguara.
João Paulo também apresentou outros setores do parque industrial, destacando os novos e modernos painéis digitais de gerenciamento de energia elétrica já em funcionamento.

Durante o período em que estivemos na empresa — das 14h às 16h30 —, 12 carretas, cada uma transportando entre 25 e 27 toneladas de minério de ferro, foram descarregadas, totalizando as 300 toneladas diárias, a capacidade de processamento da planta de Itaguara. No total, o conglomerado industrial processa mais de 4.000 toneladas de minério por dia em todas as suas unidades.