Governo do DF pede exames de saúde para Bolsonaro: um aliado covarde com um solucinho e uma diarreinha, como ele mesmo diria

A Secretaria de Administração Penitenciária do DF solicita avaliação médica para saber se o ex-presidente, condenado a 27 anos, tem condições de cumprir pena na Papuda; ironia amarga para quem zombou das mortes na pandemia e da gravidade da Covid

Governador do DF Ibaneis Rocha (MDB) e o condenado Jair Bolsonaro (PL) – Reprodução Redes Sociais
Luciano Meira

O governo do Distrito Federal, mais precisamente a Secretaria de Administração Penitenciária (Seape-DF), solicitou ao Supremo Tribunal Federal (STF) um exame de saúde detalhado para avaliar se o ex-presidente Jair Bolsonaro condenado a 27 anos e três meses de prisão por tentativa de golpe de Estado e outros crimes pode mesmo cumprir pena no Complexo Penitenciário da Papuda, em Brasília. O pedido, encaminhado ao ministro Alexandre de Moraes, autor da condenação e responsável pelo processo, cita as múltiplas cirurgias abdominais pelas quais Bolsonaro passou desde o atentado de 2018, e questiona se o sistema prisional tem condições de oferecer a assistência médica e nutricional adequada.

A decisão de pedir esses exames soa, no mínimo, irônica — para não dizer cínica — diante do histórico do condenado. Bolsonaro, em plena pandemia de Covid-19, não apenas minimizou a gravidade da crise, chamando repetidamente o coronavírus de “gripezinha”, mas chegou a debochar das milhares de mortes no país com a frase canalha “não sou coveiro”. Naquele momento, o atual condenado se apresentava como um atleta imbatível, incapaz de ser derrubado por um “resfriadinho” que, na realidade, ceifou centenas de milhares de vidas.Agora, ao que tudo indica, Jair Bolsonaro exibe uma nova face: a do covarde que teme o rigor da lei e de uma prisão como a Papuda. Esse pedido do governo do DF, aliás um de seus aliados mais evidentes, de um laudo técnico que possa adoçar os rigores do cumprimento da pena, revela o pavor que o ex-mandatário tem de encarar a consequência das próprias ações. E não há como deixar de lembrar que o mesmo Bolsonaro que zombou da ciência e da dor alheia hoje tenta usar sua saúde como escudo para escapar da cadeia.

Não custa lembrar que o STF, sob comando do ministro Alexandre de Moraes, já planeja uma cela especial para o ex-presidente na Papuda, com paredes brancas, ar-condicionado e TV, diferenciando seu regime de prisão da maioria dos presos comuns. A expectativa dos aliados é de que Bolsonaro fique pouco tempo atrás das grades antes de retornar à prisão domiciliar por motivos de saúde — conveniência que poucos presos no país podem sequer sonhar.

O governo do Distrito Federal, incluindo seu governador Ibaneis Rocha (MDB), que em muitos momentos fora aliado e defensor da postura negacionista do ex-presidente, agora faz esse movimento técnico-político para ajustar os próximos passos da punição de Bolsonaro. A insistência no pedido do exame médico demonstra que a máscara da valentia que Bolsonaro vestiu durante anos caiu. Agora, ele é simplesmente um condenado em fuga — da justiça, da cadeia e, principalmente, da sua própria história de negacionismo e irresponsabilidade.

Nesse contexto, a ironia é cruel: um aliado que zombou das mortes e da ciência agora quer garantir que seu protegido não sofra “rigores” que poderiam ser a justa resposta por tentar destruir a democracia e custar a vida de milhares de brasileiros. Bolsonaro pode até ter sido o “atleta” do negacionismo, mas não passa de um covarde com medo de cumprir sua pena na Papuda ou onde quer que a lei determinar.

O Metropolitano

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