Jogos pesados nos temas: aprofundando no universo de Doom, Ultrakill e The Binding of Isaac
Pedro Meira
A indústria dos games abriga diversos títulos marcados por desafios intensos, temáticas sombrias e jogabilidade exigente. Entre esses jogos “pesados”, destacam-se franquias como Doom, o fenômeno indie Ultrakill e o perturbador The Binding of Isaac — todos conhecidos tanto pelo alto grau de dificuldade quanto por suas atmosferas densas. Veja detalhes sobre eles, suas empresas responsáveis e o debate sobre o que os torna “pesados”.
Doom: O Pioneiro das Batalhas Infernais
Lançada originalmente em 1993 pela id Software, a franquia Doom é considerada um verdadeiro marco dos jogos de tiro em primeira pessoa (FPS). Apostando em combates frenéticos contra demônios em ambientes infernais, Doom consolidou um estilo próprio de ação acelerada e violência gráfica, o que rendeu aclamação e críticas desde os primórdios.
Hoje, a responsável pelos direitos da franquia é a Bethesda, pertencente à ZeniMax Media. Os títulos mantêm sua essência brutal, apostando em ambientação apocalíptica e mecânicas de combate voltadas para jogadores que buscam adrenalina. Tanto nos clássicos quanto nos lançamentos recentes, Doom é conhecido por exigir precisão e reflexos rápidos, além de desafiar a capacidade dos jogadores de lidar com hordas intensas de inimigos.
Contudo, há quem critique a série por sua intensidade e dificuldade, especialmente nos modos mais avançados, em que o jogador é frequentemente colocado diante de desafios extremos — uma experiência descrita tanto como recompensadora quanto exaustiva para quem busca “zerar” em níveis elevados.
Ultrakill: Indie de Tiro e Dificuldade Explosiva
Desenvolvido de forma independente por Arsi “Hakita” Patala e publicado pela New Blood Interactive, Ultrakill é um jogo em acesso antecipado que rapidamente conquistou uma comunidade fiel graças à sua mistura de nostalgia e inovação. Inspirando-se em shooters clássicos dos anos 90, como Doom e Quake, Ultrakill destaca-se pela velocidade, variedade de movimentos e arsenal insano de armas.
O jogo é elogiado exatamente por sua proposta desafiadora: são seis níveis de dificuldade, oferecendo desde opções acessíveis até desafios extremos que exigem domínio absoluto de mecânicas como parry, dashes e combos de armas. Mesmo em modo normal, o ritmo frenético e o grande número de inimigos tornam cada fase uma experiência intensa e desgastante para jogadores menos familiarizados com o gênero hardcore. Por sua vez, jogadores veteranos enaltecem justamente essa “dureza”, afirmando que Ultrakill “não é para qualquer um” e que dominá-lo demanda dedicação e paciência.
O reconhecimento é tão expressivo que o jogo ostenta avaliações extremamente positivas na Steam, com nota de aprovação superior a 95%, comprovando que mesmo sendo “pesado”, Ultrakill oferece um prazer catártico para quem busca desafios acima da média.
The Binding of Isaac: Entre Lágrimas, Trauma e Mecânicas Roguelike
Criado por Edmund McMillen e Florian Himsl, The Binding of Isaac mergulha o jogador em um universo sombrio, repleto de referências religiosas, imagens perturbadoras e design inovador de roguelike. Sob o comando de um garoto que utiliza lágrimas como arma, sim você não leu errado ele usa lágrimas, o jogador explora cenários gerados aleatoriamente, enfrentando criaturas bizarras e coletando centenas de itens com propriedades distintas.
A versão Rebirth, acompanhada da expansão Repentance, elevou o número de itens para mais de 700 — boa parte deles desbloqueada apenas com múltiplas “runs”, agregando altíssimo fator de repetição e dificuldade. A imprevisibilidade, tanto na distribuição de itens quanto nos encontros, é apontada como um dos principais motivos que tornam o jogo “pesado”; há partidas que podem ser terrivelmente difíceis, cabendo ao jogador aprender com derrotas sucessivas.
Além disso, os temas abordados — abuso infantil, religião, suicídio e traumas — fazem com que a experiência seja emocionalmente densa. Apesar (ou por causa) disso, The Binding of Isaac é cultuado por uma base dedicada, com relatos de jogadores que acumulam milhares de horas de gameplay, explorando e tentando desbloquear todos os múltiplos finais.
Afinal, o que significa ser um “jogo pesado”?
O termo “pesado” pode abordar tanto o aspecto do desafio mecânico quanto a carga emocional e temática dos títulos. Doom e Ultrakill são exemplos clássicos de jogos que exigem domínio e atenção constantes, repletos de inimigos agressivos e batalhas de alto risco. Já The Binding of Isaac combina esse desafio com narrativas densas e desconfortáveis, ampliando o desconforto além da dificuldade.
Embora esses jogos afastem parte do público mais casual, são justamente essas características que os transformam em experiências únicas e cultuadas nos círculos de jogadores que buscam testar seus próprios limites.