Justiça italiana mantém prisão de Carla Zambelli e aponta caminho longo para extradição ao Brasil

Audiência realizada em Roma confirma detenção da deputada bolsonarista, condenada por crimes tecnológicos graves, fuga internacional e com histórico de protagonismo negacionista durante a pandemia

Reprodução Youtube
Luciano Meira

A Justiça italiana decidiu nesta quarta-feira (27) manter presa a deputada federal Carla Zambelli, após audiência de custódia ocorrida em Roma, onde ela responde processo de extradição solicitado pelo Brasil. A audiência era aguardada para decidir se Zambelli poderia aguardar o desfecho do caso em liberdade, prisão domiciliar ou seguir detida no presídio feminino Germana Stefanini, parte do complexo penitenciário de Rebibbia.Zambelli foi condenada pelo Supremo Tribunal Federal (STF) em maio de 2025 a dez anos de prisão em regime fechado, além de mais de R$ 2 milhões em multas e perda de mandato parlamentar, acusada de ser autora intelectual da invasão hacker aos sistemas do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), junto ao hacker Walter Delgatti. O crime incluiu adulteração de mandados e tentativa de emissão de prisão falsa contra o ministro Alexandre de Moraes. A condenada deixou o Brasil por vias terrestres, cruzando a fronteira com a Argentina, e, de lá, seguiu para os Estados Unidos antes de desembarcar em Roma, usando sua dupla cidadania ítalo-brasileira para pedir asilo político. Permaneceu foragida por 53 dias, incluída na lista vermelha da Interpol, até ser capturada pela polícia italiana após esforços de cooperação internacional.

Durante as audiências, Zambelli alegou mal-estar, chorou e foi submetida a exames médicos e perícia clínica a pedido dos advogados, alegando risco à saúde como argumento para tentar responder o processo de extradição em liberdade. Laudo emitido nesta semana concluiu que a parlamentar tem condições clínicas para seguir detida e ser extraditada, refutando as alegações de incapacidade física.

Trajetória política

Eleita deputada federal em 2018 pelo PL e notória integrante da base de Jair Bolsonaro, Zambelli escolheu ocupar o gabinete 482, que fora do ex-presidente por sete mandatos na Câmara dos Deputados. Protagonizou diversos episódios polêmicos: da tentativa de influência política na Polícia Federal à crise com Sergio Moro e Regina Duarte durante o governo Bolsonaro. Na pandemia, replicou as recomendações do ex-presidente, como ser contra o lockdown, promover o uso da cloroquina e espalhar desinformação, atitudes que especialistas culpam ter colaborado para o saldo devastador de mais de 700 mil mortes no Brasil.

Próximos passos

A Justiça italiana deverá decidir nos próximos dias se Zambelli aguardará os trâmites do processo de extradição na cadeia ou em prisão domiciliar como pedem seus advogados, cuja decisão final cabe ao governo italiano e pode se arrastar por até um ano. Por enquanto, Zambelli permanece presa e sua defesa contesta a condenação, alegando perseguição política, enquanto autoridades brasileiras reforçam o pedido de retorno da parlamentar ao país.

O Metropolitano

Jornalismo profissional e de qualidade. Seu portal de notícias da Região Metropolitana de Belo Horizonte, de Minas Gerais, do Brasil e do Mundo.
Botão Voltar ao topo