Ministro Alexandre de Moraes marca depoimento de Ricardo Salles no STF para 9 de dezembro
Ex-ministro do Meio Ambiente, famoso pela frase “vamos passar a boiada”, será interrogado sobre envolvimento em esquema de facilitação de contrabando de madeira e crimes ambientais graves

Luciano Meira
O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes marcou para o dia 9 de dezembro o depoimento do deputado federal Ricardo Salles (Novo-SP), ex-ministro do Meio Ambiente do governo Jair Bolsonaro, no âmbito da ação que investiga seu envolvimento em graves crimes ambientais e contra a administração pública.
Salles tornou-se conhecido nacionalmente pela frase infame “vamos passar a boiada”, dita em reunião ministerial no auge da pandemia de Covid-19. Na ocasião, ele explicitou a intenção de aproveitar a distração da imprensa para acelerar uma série de mudanças infralegais que prejudicaram a proteção ambiental no Brasil, configurando uma postura antirrepublicana e predatória.
A investigação apura um esquema montado por Salles dentro do Ministério do Meio Ambiente e do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), no qual servidores por ele indicados facilitaram o contrabando de madeira extraída ilegalmente, com emissão irregular de documentos e pareceres que favoreciam interesses privados do setor madeireiro.
Além do próprio ex-ministro, outros 21 réus, entre servidores e ex-dirigentes do Ibama, também serão ouvidos no STF entre os dias 9 e 12 de dezembro. A denúncia da Procuradoria-Geral da República (PGR) inclui crimes como corrupção passiva, advocacia administrativa, organização criminosa, facilitação de contrabando, prevaricação e obstrução à fiscalização ambiental.
Ricardo Salles poderá responder por:
Associação criminosa
Facilitação ilegal de contrabando de madeira
Advocacia administrativa
Corrupção passiva
Prevaricação
As penas para esses crimes podem chegar a longos períodos de reclusão, além de multas significativas e a obrigação de reparação pelos danos causados ao meio ambiente, um patrimônio vital para o país e para o planeta.
O depoimento no STF não é apenas um passo judiciário, mas um marco simbólico da luta contra a impunidade diante dos graves ataques que a política ambiental sofreu no governo Bolsonaro. O julgamento desse caso pode estabelecer firmeza na responsabilização daqueles que usaram cargos públicos para proteger interesses ilegais e prejudiciais à sociedade.
Com a repercussão internacional negativa e a grande quantidade de provas acumuladas pela Polícia Federal e pelo Ministério Público, o ex-ministro Ricardo Salles terá que enfrentar no dia 9 de dezembro o esclarecimento das suas ações no STF, sob o olhar atento da opinião pública e dos defensores da justiça ambiental no Brasil, sob o risco de ser atropelado pela boiada que ele soltou.
