Moraes autoriza acareações entre Braga Netto e Mauro Cid e entre Anderson Torres e Freire Gomes
Ministro do STF também rejeitou pedido de Bolsonaro para anular delação

Luciano Meira
O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), autorizou nesta terça-feira (17) a realização de uma acareação entre o ex-ministro da Defesa Walter Braga Netto e o tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens do ex-presidente Jair Bolsonaro. O procedimento está marcado para a próxima terça-feira (24), às 10h, no próprio STF, e tem como objetivo confrontar as versões apresentadas pelos dois réus sobre pontos centrais da investigação que apura uma suposta trama golpista envolvendo autoridades do governo anterior.A solicitação para a acareação partiu da defesa de Braga Netto, que busca esclarecer divergências surgidas após o interrogatório de Cid realizado na semana passada. Entre os pontos em disputa estão a acusação de que o plano denominado “Punhal Verde e Amarelo”, que previa o assassinato de autoridades, teria sido discutido na casa do general, e a alegação de que Braga Netto teria entregue dinheiro a Cid para financiar atos golpistas. Braga Netto, que está preso, participará presencialmente do procedimento.
Além desse confronto, Moraes também autorizou acareação entre o ex-ministro da Justiça Anderson Torres e o ex-comandante do Exército Marco Antônio Freire Gomes, marcada para o mesmo dia, às 11h. O objetivo é esclarecer se Torres participou de uma reunião em que Bolsonaro teria apresentado a chamada “minuta do golpe” às Forças Armadas, fato negado por Torres, mas confirmado por Freire Gomes.
STF nega pedido de Bolsonaro para anular delação de Mauro Cid
Na mesma decisão, Alexandre de Moraes rejeitou pedidos apresentados pela defesa de Jair Bolsonaro para anular a delação premiada de Mauro Cid. Os advogados do ex-presidente alegavam que Cid teria mentido em depoimento ao STF e violado o sigilo do acordo de colaboração, baseando-se em supostas mensagens divulgadas pela revista Veja, que teriam sido enviadas de um perfil no Instagram atribuído a Cid. A defesa de Bolsonaro também solicitava mais prazo para apresentar diligências complementares, aguardando informações da Meta sobre o perfil citado.
Moraes considerou os pedidos “irrelevantes, impertinentes ou protelatórios” e manteve a validade dos depoimentos de Cid, destacando que a própria defesa do militar já havia solicitado investigação sobre a veracidade das mensagens, classificando-as como fake news. O ministro também negou o acesso da defesa de Bolsonaro a outros inquéritos, como o da chamada “Abin paralela” e o do vazamento de informações sigilosas da Polícia Federal, por entender que não têm relação direta com a ação penal sobre a tentativa de golpe.
Com essas decisões, o STF avança na fase de confrontação de versões entre os principais réus do processo, enquanto rejeita tentativas de anulação de provas consideradas centrais para a denúncia apresentada pela Procuradoria-Geral da República. As acareações da próxima semana devem ser determinantes para o esclarecimento dos fatos e para o andamento da ação penal que envolve Bolsonaro, Braga Netto, Mauro Cid e outros aliados do ex-presidente.