Nikolas Ferreira é condenado mais uma vez por espalhar preconceitos, desinformação e intolerância

Deputado é condenado por vídeo difamatório e coleciona processos por discurso de ódio e ataques à honra

Nikolas Ferreira (PL-MG)
Luciano Meira

A mais recente condenação do deputado federal Nikolas Ferreira (PL-MG) deixa claro que sua atuação política se baseia em práticas irresponsáveis e danosas à sociedade. Em julho de 2025, Nikolas foi sentenciado a indenizar em R$10 mil a artista Cecília Siqueira Neres Ramos por publicar um vídeo difamatório, no qual a associava a comportamentos criminosos e imorais sem qualquer fundamento. A decisão da Justiça do Rio de Janeiro aponta que o deputado ultrapassou todos os limites éticos e legais, fomentando perseguição virtual e ameaças à vítima, mesmo após a Justiça Eleitoral já ter determinado a retirada do conteúdo por ser reconhecidamente falso.

Não há como relativizar: as atitudes de Nikolas Ferreira vão além da simples polêmica ou da chamada “liberdade de expressão”. O deputado age de forma contumaz para manipular, atacar e desacreditar adversários políticos, militantes de direitos humanos e pessoas de minorias. Prova disso é o seu extenso histórico de condenações por espalhar preconceitos, desinformação e intolerância.Em junho deste ano, o Superior Tribunal de Justiça confirmou outra condenação do deputado por transfobia ao se recusar a reconhecer a identidade de gênero da deputada Duda Salabert (PDT-MG), em decisão que fixou indenização de R$30 mil. Em outro episódio vergonhoso, Nikolas encenou, no plenário da Câmara durante o Dia Internacional das Mulheres, um deboche transfóbico que lhe rendeu condenação de R$200 mil por dano moral coletivo. Sua postura não é de quem apenas erra; é de quem insiste conscientemente em humilhar, desumanizar e colocar em risco a integridade daqueles com quem discorda.

O caso mais chocante e revelador de sua trajetória vem da época em que foi vereador em Belo Horizonte. Nikolas usou um vídeo gravado pela irmã em um banheiro feminino escolar para expor uma adolescente trans, com ataques cruéis e afirmações grotescas, chegando a acusá-la de ser um “estuprador em potencial”. Não satisfeito em fomentar violência simbólica, o deputado provocou perseguição real à jovem, jogando multidões contra uma menina em situação de vulnerabilidade.

Nikolas Ferreira demonstra total desprezo pelas consequências de seus atos e pelo sofrimento humano resultante deles. Suas ações não promovem o debate democrático, mas sim o linchamento público, a perseguição a minorias e a propagação de mentiras. O Judiciário já reconheceu repetidas vezes que suas manifestações não têm relação com a função parlamentar, e sim com a difamação e incitação ao ódio.

Persistir em atribuir à sua postura um “tom polêmico” é fechar os olhos ao óbvio: Nikolas faz uso consciente do mandato e da popularidade nas redes para fomentar discursos perigosos, incentivando preconceito e hostilidade. O agravante é que, em um país em que a violência contra minorias cresce ano após ano, a atuação do deputado não só ameaça direitos, mas também encoraja outros a seguir o mesmo caminho da intolerância — com consequências imprevisíveis e desastrosas para toda a sociedade. O retrato que se forma é o de um político que, longe de defender ideias, escolheu atacar pessoas, desrespeitando princípios elementares da convivência civilizada e da própria democracia.

O Metropolitano

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