PF faz busca e apreensão contra Silas Malafaia em operação que investiga tentativa de golpe

Pastor Silas Malafaia – Reprodução
Luciano Meira

O Supremo Tribunal Federal (STF) autorizou busca e apreensão contra o pastor Silas Malafaia, aliado político do ex-presidente Jair Bolsonaro, em uma investigação que apura crimes relacionados à tentativa de golpe de Estado. A operação, conduzida pela Polícia Federal (PF), ocorreu na noite da quarta-feira (20), no Aeroporto Internacional do Galeão, no Rio de Janeiro, quando Malafaia desembarcou de uma viagem a Lisboa.

A medida, determinada pelo ministro Alexandre de Moraes, relator do caso, inclui o cumprimento de várias medidas cautelares contra o pastor, como a proibição de deixar o país, o cancelamento de todos os seus passaportes, que precisam ser entregues em até 24 horas, e a restrição de comunicação com outros investigados no processo, entre eles Jair e Eduardo Bolsonaro.

Conforme apurado pela Procuradoria-Geral da República (PGR) e pela PF, Malafaia atuava como facilitador nas ações de coação e obstrução de justiça coordenadas pela família Bolsonaro. O pastor teria organizado a divulgação de narrativas falsas e coordenado esforços para pressionar autoridades do Judiciário envolvidas nas investigações. Segundo o relatório da PF, Malafaia influenciou diretamente estratégias para burlar decisões judiciais por meio da disseminação de vídeos e conteúdos em redes sociais e listas de transmissão.O inquérito investiga crimes como coação no curso do processo, obstrução de investigações e tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito. Jair e Eduardo Bolsonaro também foram indiciados pelos mesmos crimes, e há indícios de que o ex-presidente teria tentado buscar asilo político na Argentina, segundo documentos encontrados nos dispositivos eletrônicos alterados recentemente.

O ministro Alexandre de Moraes justificou a adoção das medidas com base nas evidências da participação de Malafaia em uma campanha criminosa para atacar ministros do STF e desestabilizar instituições, equivalentes às ações de milícias digitais. Ele determinou ainda que o pastor preste depoimento imediatamente e autorizou a quebra de seus sigilos bancário, fiscal e telefônico, além do acesso ao conteúdo de seus aparelhos apreendidos. A Polícia Federal tem 15 dias para apresentar um relatório parcial sobre os materiais recolhidos.

Silas Malafaia, conhecido por sua defesa fervorosa do ex-presidente e sua influência entre grupos evangélicos, participou ativamente de eventos a favor de Bolsonaro, como o ato “Reaja Brasil”, que questionava decisões judiciais e supostas censuras nas redes sociais. A operação contra ele é significativa para o aprofundamento das investigações sobre a tentativa de golpe e mostra o empenho do STF e da PF no combate às estruturas políticas que tentaram manipular o sistema democrático.

Esse caso mantém a sociedade em alerta sobre os desafios em preservar a democracia diante dos limites entre a liberdade de expressão e os crimes políticos, evidenciando um endurecimento judicial no enfrentamento a iniciativas que ameaçam o Estado Democrático de Direito.

O inquérito segue em andamento, e novas medidas podem ser adotadas conforme surgir mais material das investigações. A expectativa é por desdobramentos que possam esclarecer e responsabilizar os envolvidos na articulação da tentativa de golpe.

O Metropolitano

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