Polícia Federal Indicia Jair Bolsonaro, Carlos Bolsonaro e Alexandre Ramagem no Caso da “Abin Paralela”

Reprodução – Arte RMC
Luciano Meira

A Polícia Federal (PF) indiciou nesta terça-feira (17) o ex-presidente Jair Bolsonaro, seu filho Carlos Bolsonaro, vereador no Rio de Janeiro, e o deputado federal Alexandre Ramagem (PL-RJ), ex-diretor da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), no âmbito das investigações sobre o chamado caso da “Abin paralela”.

Entenda o Caso

O inquérito da PF apurou a existência de uma estrutura clandestina dentro da Abin, utilizada para monitorar ilegalmente adversários políticos, autoridades públicas, servidores, jornalistas e até integrantes do Judiciário e do Legislativo durante o governo Bolsonaro. Segundo as investigações, a chamada “Abin paralela” teria produzido dossiês ilegais, disseminado notícias falsas e monitorado a localização de alvos por meio de sistemas de rastreamento de celulares, como o software First Mile.Entre os monitorados estariam ministros do Supremo Tribunal Federal (STF), como Alexandre de Moraes, Luís Roberto Barroso, Luiz Fux e Dias Toffoli, além de políticos como Arthur Lira (presidente da Câmara) e o ex-governador João Doria, servidores do Ibama e representantes de caminhoneiros.

Papéis dos Indiciados

Alexandre Ramagem: Segundo a PF, foi o principal responsável por estruturar e comandar o esquema de espionagem ilegal enquanto era diretor da Abin, orientando o uso da agência para fins políticos e pessoais do governo Bolsonaro.

Jair Bolsonaro: A investigação aponta que o ex-presidente se beneficiou diretamente da estrutura clandestina e não tomou medidas para interromper as práticas ilegais, além de, supostamente, orientar ataques à credibilidade do sistema eleitoral.

Carlos Bolsonaro: Teria utilizado as informações obtidas pela Abin paralela para alimentar uma rede de perfis em redes sociais — o chamado “gabinete do ódio” —, responsável por ataques virtuais a adversários do governo.

Desdobramentos e Próximos Passos

O relatório final da PF, com mais de 800 páginas, foi encaminhado ao Supremo Tribunal Federal (STF), que deverá remeter o material para análise da Procuradoria-Geral da República (PGR). Caberá à PGR decidir se apresenta denúncia formal contra os indiciados, solicita novas diligências ou pede o arquivamento do caso. Se houver denúncia, o STF decidirá se abre ação penal, tornando os indiciados réus.

Além de Bolsonaro, Ramagem e Carlos, mais de 30 pessoas foram indiciadas, incluindo integrantes da atual direção da Abin, por suspeita de obstrução das investigações.

Jair Bolsonaro e Alexandre Ramagem negaram as acusações e a existência de uma estrutura paralela de espionagem. Carlos Bolsonaro, por sua vez, atribuiu o indiciamento a motivações políticas, sugerindo que a ação da PF estaria relacionada ao cenário eleitoral de 2026.

O caso da “Abin paralela” se soma a outras investigações envolvendo o ex-presidente e seus aliados, incluindo apurações sobre tentativa de golpe de Estado. A PF identificou conexões entre o uso da Abin para espionagem e estratégias para atacar o sistema eleitoral e provocar animosidade social durante o governo Bolsonaro.

O desfecho do caso agora depende dos próximos passos da PGR e do STF, que definirão se os indiciados responderão a processo criminal pelas acusações de espionagem ilegal e outros crimes relacionados ao uso da máquina pública para fins políticos e pessoais.

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