Prefeito de Itatiaiuçu recua após romper convênio com PM em meio a polêmica da Lei Seca

Decisão abrupta de Romer Soares gera crise institucional e mobiliza repúdio público; recuo ocorre após pressão social e valorização do papel da Polícia Militar

Prefeito de Itatiaiuçu/MG, Romer Soares (Cidadania) – Reprodução Redes Sociais
Luciano Meira

O prefeito de Itatiaiuçu, Romer Soares (Cidadania), recuou diante da forte repercussão negativa provocada por sua decisão de romper unilateralmente três convênios com a Polícia Militar de Minas Gerais (PMMG) após a realização de uma operação Lei Seca durante a 3ª Festa do Peão do município. A crise foi desencadeada por áudios vazados em que o prefeito criticava duramente a atuação dos policiais, anunciava retaliações e afirmava não depender da corporação para garantir a segurança da cidade.A operação policial, realizada entre os dias 14 e 16 de agosto, resultou em autuações por embriaguez ao volante e apreensão de veículos, além de registrar mais de 50 furtos de celulares durante o evento. Romer chegou a associar as blitzes a uma “sem-vergonhice” e ameaçou suspender o fornecimento de combustível, alimentação e até cessão de servidores à PM, além de exigir a devolução do imóvel e de viaturas usadas pelos militares na cidade. As declarações circularam rapidamente pelas redes sociais e ampliaram a crise institucional.

Poucas horas após a ruptura, entretanto, Romer voltou atrás e admitiu erro na forma como se expressou. Em nota oficial, divulgada nesta terça-feira (19), ele reconheceu a importância da fiscalização da Lei Seca — frisando que não pretendia desmerecer a PM — e reafirmou o compromisso da prefeitura com a segurança pública. Segundo o prefeito, “a Polícia Municipal é parceira, mas não substitui a PM: cada instituição tem sua missão, e ambas são indispensáveis para proteger o cidadão”.

O comandante-geral da PMMG, coronel Carlos Frederico Otoni Garcia, elogiou publicamente a conduta dos militares, destacando que a operação foi cumprida “estritamente dentro da lei e com o único objetivo de proteger a coletividade”. O coronel também repudiou qualquer ataque dirigido à corporação, que está prestes a completar 250 anos de prestação de serviço em defesa do povo mineiro.

Diante da violenta reação popular — e após anúncio oficial da Polícia Militar de que já providenciava a desocupação de imóvel cedido e a devolução de viatura pertencente à prefeitura — Romer Soares mudou de postura, divulgando nota reconhecendo o erro. “Quero ser o primeiro a reconhecer: eu errei na forma como me expressei. […] Sei que muitas famílias perderam entes queridos em acidentes de trânsito causados pela mistura de álcool e direção. E não posso, de forma alguma, passar a impressão de que a fiscalização da Lei Seca não é importante. Ela é, sim, essencial para salvar vidas e evitar tragédias”, afirmou o prefeito, que também reiterou o respeito e parceria com a Polícia Militar e destacou investimentos de cerca de R$1 milhão na segurança local, entre viaturas, reforma do quartel e câmeras de vigilância.

A rápida reviravolta evidencia a força da opinião pública frente a temas sensíveis como segurança e fiscalização de trânsito. A prefeitura informou que manterá investimentos na estrutura da PM, incluindo reforma de quartel, renovação de viaturas e extensão do sistema de câmeras de monitoramento, além de reafirmar a continuidade dos convênios administrativos com a corporação.

O Metropolitano

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