PT adia eleição em Minas Gerais após decisão judicial: disputa interna expõe divisão e apoios no partido

Judicialização da candidatura de Dandara Tonantzin leva direção nacional a suspender votação; cenário mineiro revela racha entre lideranças e movimentação de prefeitos e deputados

Deputada estadual Leninha e Deputada federal Dandara – Reprodução Redes Sociais
Luciano Meira

A eleição para a presidência do PT em Minas Gerais, prevista para este domingo (6), foi adiada por tempo indeterminado após uma decisão judicial determinar a inclusão da deputada federal Dandara Tonantzin na disputa. A candidatura de Dandara havia sido barrada pelas instâncias internas do partido devido ao não pagamento de contribuições partidárias, mas uma liminar da Justiça do Distrito Federal obrigou o PT a rever o impedimento e garantir igualdade de condições à parlamentar.Diante da impossibilidade logística de incluir o nome de Dandara nas cédulas já distribuídas a mais de 700 municípios mineiros, a direção nacional do PT optou pelo adiamento do pleito estadual. A medida não afeta as eleições nos demais estados, mas impede a proclamação do resultado nacional até que a situação mineira seja resolvida. Uma reunião extraordinária do Diretório Nacional foi convocada para terça-feira (8) para debater o caso e outros processos de judicialização interna.

Disputa acirrada e apoios

A disputa pelo comando do PT-MG envolve, além de Dandara Tonantzin, os candidatos Juanito Vieira, Esdras Queiroz e Marilene Alves de Sousa (Leninha). O cenário é marcado por divisões internas e rearranjos de última hora:

Dandara Tonantzin: Conta com o apoio do atual presidente estadual, deputado estadual Cristiano Silveira, do deputado federal Reginaldo Lopes, da prefeita de Contagem, Marília Campos, e de parte do grupo “Movimento PT”, liderado pelo ex-deputado Virgílio Guimarães e pelo vereador Pedro Rousseff. Dandara também está alinhada com Edinho Silva, candidato à presidência nacional do PT e nome apoiado por Lula.

Leninha: Tem o respaldo dos deputados federais Rogério Correia e Patrus Ananias, do deputado estadual Leleco Pimentel, da deputada Beatriz Cerqueira e da tesoureira nacional do PT, Gleide Andrade.

Ricardo Campos: Inicialmente lançou candidatura com apoio de Virgílio Guimarães e do deputado federal Paulo Guedes, mas parte de seu grupo migrou para Dandara após rumores de desistência, negados por sua assessoria.

Juanito Vieira e Esdras Queiroz: Representam correntes menores e defendem uma guinada à esquerda, criticando alianças do partido com o Centrão.

Prefeitos e deputados mineiros

O PT governa atualmente 35 prefeituras em Minas, com destaque para as prefeitas Marília Campos (Contagem) e Margarida Salomão (Juiz de Fora), ambas reeleitas em 2024. Marília Campos é uma das principais apoiadoras de Dandara. Deputados federais como Reginaldo Lopes e estaduais como Cristiano Silveira também se alinham à candidatura de Dandara, enquanto Leninha reúne apoio de parlamentares ligados à ala histórica do partido.

Impasse nacional

A direção nacional do PT, liderada por Humberto Costa, não reconheceu a manifestação do diretório estadual sobre a decisão judicial e orientou os filiados a aguardarem novas instruções. O adiamento da eleição em Minas impede a proclamação do resultado nacional, já que o estado é considerado estratégico para o partido e para o projeto de reeleição do presidente Lula em 2026.

O episódio expõe a fragmentação interna do PT mineiro e a crescente judicialização dos processos partidários, refletindo a importância do estado no xadrez político nacional e a disputa por espaços de poder entre diferentes correntes e lideranças do partido.

Luciano Meira

Editor do portal O Metropolitano
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