Quem fala o que quer… Zema leva um “pito” de Magistrados que acusou uso político da Justiça

Associação de Magistrados classifica fala de governador como “ilações, sem nenhum fundamento”

Governador Romeu Zema (Novo), Arquivo RMC
Luciano Meira – Belo Horizonte

Em entrevista ao programa CNN 360º, o governador mineiro Romeu Zema (Novo), afirmou que o Judiciário estaria tomando decisões com “grande viés político” e que as condenações de alguns envolvidos nos atos de 8 de janeiro de 2023 seriam “exageradas”, gerando forte reação da Associação dos Magistrados Brasileiros (AMB).Em nota pública publicada no site da instituição no sábado (15), a AMB classificou as declarações de Zema como “ilações, sem nenhum fundamento” e que “servem apenas para desinformar a sociedade e fragilizam a confiança da população nas instituições do sistema de justiça”.

Durante a entrevista, Zema afirmou que “o Brasil precisa de mudanças no judiciário”, e criticou especificamente as penas aplicadas aos participantes dos atos de 8 de janeiro, que invadiram e depredaram a Praça dos Três Poderes em Brasília. O governador questionou as “penas exageradas para alguns que cometeram atos que não tiveram nenhuma periculosidade”, referindo-se aos que permanecem detidos há mais de um ano.
Respondendo de forma clara ao governador, na nota, a AMB diz: “a magistratura brasileira permanecerá firme na defesa do Estado Democrático de Direito, do devido processo legal, do direito de defesa e do aprimoramento da prestação jurisdicional, sempre imune a pressões e hostilizações de qualquer tipo”.Ainda na nota publicada, a associação defendeu ainda a independência e imparcialidade dos magistrados, afirmando que suas decisões são baseadas nas leis e nas provas dos processos, e não em interesses políticos ou econômicos, lembrando que: Tal conduta desagrada, inevitavelmente, àqueles cujos interesses são contrariados nos processos judiciais”.

A fala do governador fez referência ao Supremo Tribunal Federal (STF) que condenou alguns dos envolvidos nos aotos de 08/01 a até 17 anos de prisão. Outros, que não utilizaram violência ou grave ameaça, puderam firmar o Acordo de Não Persecução Penal, com penas de até quatro anos.

Leia a íntegra da nota da AMB:

“A Associação dos Magistrados Brasileiros (AMB) manifesta preocupação em relação às recentes declarações do governador de Minas Gerais, Romeu Zema, que atingem negativamente a imagem do Poder Judiciário: tais ilações, sem nenhum fundamento e que representam uma opinião pessoal de quem as fez, servem apenas para desinformar a sociedade e fragilizam a confiança da população nas instituições do sistema de justiça.

Os magistrados brasileiros atuam com a independência e a imparcialidade garantidas pela Constituição, decidindo com base nas leis e nas provas dos processos – e nunca sujeitos a interesses políticos ou econômicos. Tal conduta desagrada, inevitavelmente, àqueles cujos interesses são contrariados nos processos judiciais.

Os agentes públicos devem exercer suas funções comprometidos com a verdade, contribuindo para o debate público de forma construtiva, sem investir contra o equilíbrio e a harmonia entre os Poderes e sem solapar a confiança da população na atuação de seus juízes, atitude que contribui para corroer a democracia. A magistratura brasileira permanecerá firme na defesa do Estado Democrático de Direito, do devido processo legal, do direito de defesa e do aprimoramento da prestação jurisdicional, sempre imune a pressões e hostilizações de qualquer tipo.”