Repórter do Washington Post elogia SUS após acidente no Rio de Janeiro
Correspondente Terrence McCoy relata surpresa com atendimento gratuito e compara com custos nos Estados Unidos

Luciano Meira
O jornalista norte-americano Terrence McCoy, correspondente do The Washington Post no Brasil, viveu uma experiência marcante durante férias em Paraty, no litoral do Rio de Janeiro. Após sofrer um acidente doméstico, em que a porta traseira do carro caiu sobre sua cabeça, McCoy foi levado de ambulância ao Hospital Municipal Hugo Miranda, onde recebeu atendimento emergencial pelo Sistema Único de Saúde (SUS).No hospital, o repórter passou por exames de tomografia e raio-X, recebeu pontos na cabeça, medicação e acompanhamento médico — tudo sem qualquer custo. “Meu primeiro pensamento, tipicamente americano, foi: quanto isso vai me custar?”, relatou McCoy. A resposta veio após seis horas de atendimento: custo zero. “Fui atendido de graça, com dignidade, sem que ninguém perguntasse se eu tinha seguro ou condições de pagar”, escreveu em seu relato publicado no Washington Post.
Além de seu próprio atendimento, o filho de McCoy também foi examinado por um pediatra no mesmo hospital devido a uma febre, recebendo diagnóstico e orientação médica — novamente, sem qualquer cobrança.
Impressões sobre o SUS
McCoy destacou a eficiência e o alcance do SUS, que oferece atendimento gratuito a todos os brasileiros e estrangeiros residentes, mesmo reconhecendo desafios como filas, greves e subfinanciamento. Para ele, a experiência foi uma “aula prática sobre um sistema de saúde fundamentalmente diferente”, ressaltando que, apesar das falhas, o SUS garante acesso universal à saúde, o que considera impensável nos Estados Unidos.
Comparação com o sistema dos EUA
Nos Estados Unidos, o sistema de saúde é majoritariamente privado, com custos elevados mesmo para quem possui seguro. Atendimentos de emergência, como o vivido por McCoy, podem gerar despesas consideráveis:
Serviço nos EUA | Custo estimado em dólares | Custo estimado em reais (R$ 5,40/US$) |
Ambulância | US$ 400 a US$ 2.500 | R$ 2.160 a R$ 13.500 |
Pronto-socorro | US$ 2.000 | R$ 10.800,00 |
Tomografia | US$ 1.000 a US$ 3.000 | R$ 5.400 a R$ 16.200 |
Internação (per noite) | US$ 3.000 a US$ 4.000 | R$ 16.200 a R$ 21.600 |
Pontos e medicação | US$ 500 a US$ 2.000 | R$ 2.700 a R$ 10.800 |
Em casos semelhantes, o custo total do atendimento nos EUA poderia facilmente superar US$ 5.000 (cerca de R$ 27.000), dependendo da gravidade e dos procedimentos realizados.
A experiência de Terrence McCoy evidencia o contraste entre o acesso universal e gratuito do SUS e o sistema americano, onde o atendimento médico pode representar um grande impacto financeiro. Para o jornalista, o episódio serviu como um “momento de aprendizado” sobre o valor de um sistema público de saúde, mesmo com suas imperfeições.