Romeu Zema ignora custo social e exalta Milei que penaliza os mais vulneráveis

Reprodução Redes Sociais – Arte RMC
Luciano Meira

O governador de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo), em sua cruzada político-eleitoral adotou a prática de elogiar publicamente o presidente argentino Javier Milei por sua política de redução da inflação, sem considerar os graves impactos sociais provocados pelas medidas de ajuste fiscal implementadas no país vizinho. Em declarações recentes, Zema afirmou que a Argentina “está trilhando o caminho que vai colocá-la novamente na prosperidade”, destacando a queda da inflação como exemplo a ser seguido por economias em crise.

No entanto, a realidade argentina sob Milei é marcada por um cenário de recessão, aumento da pobreza e cortes drásticos em áreas essenciais como saúde, educação, ciência e assistência social. O ajuste fiscal extremo, que eliminou o déficit público e derrubou a inflação, foi acompanhado de uma explosão da pobreza — que atingiu 52,9% da população no primeiro semestre de 2024 — e de uma queda acentuada do poder de compra dos salários, que recuaram mais de 17% apenas nos primeiros meses do governo.O discurso de Zema, ao exaltar apenas o lado fiscal da política de Milei, ignora o sofrimento imposto a milhões de argentinos. A retirada de subsídios elevou o custo de vida, enquanto cortes em programas sociais e na previdência deixaram aposentados, trabalhadores e pessoas com deficiência em situação de vulnerabilidade extrema. Setores estratégicos como ciência e saúde foram duramente atingidos, resultando em protestos massivos e deterioração dos serviços públicos.

Líderes religiosos, sindicatos e especialistas alertam para o aprofundamento da desigualdade e para o risco de convulsão social na Argentina, onde o governo Milei é acusado de insensibilidade diante do sofrimento dos mais pobres e de repressão aos protestos populares. O próprio arcebispo de Buenos Aires, Jorge García Cuerva, denunciou recentemente o “sofrimento de diversos grupos sociais” e a “marginalização” crescente no país.

Ao adotar Milei como referência e propor ajustes inspirados no modelo argentino, Zema revela uma visão limitada, que privilegia o equilíbrio fiscal em detrimento do bem-estar social e da dignidade da população mais vulnerável. O exemplo argentino mostra que combater a inflação a qualquer custo pode significar sacrificar direitos e ampliar a exclusão social — um preço alto demais para ser ignorado por quem se propõe a governar para todos.

A postura de Zema, ao elogiar Milei sem ponderar as consequências humanas das políticas adotadas, evidencia a distância entre o discurso de eficiência econômica e a realidade vivida por milhões de argentinos, que pagam com desemprego, fome e precarização dos serviços públicos o preço da “prosperidade” celebrada pelo governador mineiro

Botão Voltar ao topo