STF marca julgamento dos réus do Núcleo 4 da trama golpista
Grupo acusado de liderar desinformação enfrenta julgamento em outubro; militares e político estão entre os réus

Luciano Meira
O Supremo Tribunal Federal (STF) agendou para os dias 14, 15, 21 e 22 de outubro o julgamento dos sete réus do chamado Núcleo 4 da trama golpista de 2022. Os acusados são apontados pela Procuradoria-Geral da República (PGR) como responsáveis por operações estratégicas de desinformação e ataques virtuais para fragilizar instituições e contestar o processo eleitoral após a derrota do então presidente Jair Bolsonaro.
A função do Núcleo 4 na trama golpista
Segundo a PGR, o Núcleo 4 cumpria papel central na articulação e disseminação sistemática de notícias falsas — as chamadas fake news — sobre a confiabilidade das urnas eletrônicas. O grupo também teria promovido ataques coordenados a autoridades do Judiciário e incentivado atos em frente a quartéis-generais das Forças Armadas em Brasília, com o objetivo de criar um ambiente favorável à tentativa de ruptura institucional.
Quem são os réus do Núcleo 4
Os sete réus do grupo têm perfis majoritariamente militares ou ligados a aparatos institucionais de poder. Foram denunciados:
Ailton Gonçalves Moraes Barros (major da reserva do Exército)
Ângelo Martins Denicoli (major da reserva do Exército)
Giancarlo Gomes Rodrigues (subtenente do Exército)
Guilherme Marques de Almeida (tenente-coronel do Exército)
Reginaldo Vieira de Abreu (coronel do Exército)
Marcelo Araújo Bormevet (agente da Polícia Federal)
Carlos Cesar Moretzsohn Rocha (presidente do Instituto Voto Legal)
Crimes imputados e penas possíveis
Os réus respondem a múltiplas acusações de alta gravidade. Segundo a denúncia, atuaram em conjunto para:
Tentar abolir de forma violenta o Estado Democrático de Direito
Tentar um golpe de Estado
Integrar organização criminosa armada
Causar dano qualificado
Promover deterioração de patrimônio tombado
As penas previstas variam conforme o crime, chegando até 30 anos de reclusão apenas pela tentativa de golpe, podendo aumentar caso haja concurso material. Confira os detalhes:
| Réu | Crimes Imputados | Penas Previstas* |
| Ailton G. Moraes Barros | Tentativa de golpe de Estado; abolição violenta do Estado de Direito; organização criminosa armada; dano qualificado; deterioração do patrimônio tombado | Até 30 anos ou mais |
| Ângelo Martins Denicoli | Idem acima | Até 30 anos ou mais |
| Giancarlo Gomes Rodrigues | Idem acima | Até 30 anos ou mais |
| Guilherme Marques de Almeida | Idem acima | Até 30 anos ou mais |
| Reginaldo Vieira de Abreu | Idem acima | Até 30 anos ou mais |
| Marcelo Araújo Bormevet | Idem acima | Até 30 anos ou mais |
| Carlos Cesar Moretzsohn Rocha | Idem acima | Até 30 anos ou mais |
*Valores de penas são estimativas considerando os parâmetros definidos nas condenações do núcleo central do esquema golpista, podendo variar conforme as decisões do STF.
O processo, que será relatado pelo ministro Alexandre de Moraes, é um dos grandes julgamentos do STF relacionados ao plano de tentativa de ruptura institucional ocorrido após as eleições de 2022, com a expectativa de serem julgados ainda este ano os Núcleos 2 e 3. Até o momento, apenas o núcleo central — incluindo Jair Bolsonaro — já foi condenado, com penas que chegaram a 27 anos de prisão no caso do ex-presidente.