Terremoto de magnitude 4,4 assusta moradores de Araxá e autoridades reforçam monitoramento de barragens de mineração
Abalo foi sentido em várias partes da cidade na noite de sexta; Defesa Civil, ANM e mineradoras informam que não houve danos nem alteração em estruturas de rejeitos

Luciano Meira
Um tremor de terra de magnitude em torno de 4,4 na escala Richter foi registrado na noite de sexta-feira (12) em Araxá, no Alto Paranaíba, Monas Gerais, assustando moradores e levando autoridades locais a acionar mineradoras que atuam no município para checar a situação de barragens. Segundo a Prefeitura e a Defesa Civil, até o momento não há registro de feridos nem de danos estruturais em imóveis ou equipamentos públicos, e todas as estruturas de mineração permanecem estáveis, de acordo com relatórios enviados pelas empresas e validados pela Agência Nacional de Mineração (ANM).
O que se sabe sobre o tremor
O abalo foi registrado por volta das 22h10 e pôde ser sentido em diferentes bairros de Araxá e em cidades vizinhas como Ibiá, Sacramento, Tapira e Nova Ponte, segundo relatos em redes sociais e o sistema “Sentiu Aí?”, do Centro de Sismologia da USP. Moradores relataram vibração de portas, janelas e móveis, além de um estrondo rápido, mas os órgãos de emergência destacam que esse tipo de tremor, nessa faixa de magnitude, em geral não causa danos estruturais importantes.
Dados preliminares de centros de monitoramento indicam que o epicentro estaria a poucos quilômetros da área urbana de Araxá, em região próxima a rodovias e ao Rio Araguari, em uma zona de baixa atividade sísmica histórica. Especialistas lembram que o Brasil está sobre a placa tectônica da América do Sul, distante das bordas mais ativas, e que eventos como o registrado em Araxá são considerados incomuns, mas possíveis, geralmente associados à ruptura de rochas em profundidade, sem relação direta com atividades de mineração.
Situação das barragens de mineração
Após o tremor, mineradoras que operam em Araxá comunicaram seus centros de controle e enviaram dados de monitoramento em tempo real à ANM, que divulgou nota informando não haver indícios de anomalias em barragens, pilhas ou cavas na região. O órgão regulador afirmou que o Sistema de Gestão de Barragens de Mineração não registrou alterações significativas nos indicadores de segurança e que, com base nas informações recebidas até aqui, não há sinais de risco iminente para a população.
A ANM, porém, chamou atenção para limitações orçamentárias que dificultam inspeções presenciais imediatas, consideradas ideais em situações de emergência, e defendeu reforço de recursos para ampliar a fiscalização in loco. Em comunicado próprio, a Prefeitura de Araxá informou que as barragens instaladas no município seguem “estáveis e monitoradas”, e que as empresas foram orientadas a manter canais de comunicação abertos com a Defesa Civil e com as comunidades próximas.
Como é o controle das barragens em Araxá
Araxá abriga grandes operações de mineração, incluindo complexos mineroquímicos com barragens de rejeitos que adotam sistemas de gestão em múltiplas camadas, integrando monitoramento automático, inspeções de equipes internas e auditorias independentes. Empresas que atuam na região afirmam seguir padrões internacionais de segurança, como o Padrão Global da Indústria para Gestão de Rejeitos (GISTM), que estabelece diretrizes para projeto, operação e desativação de estruturas de disposição de rejeitos.
Esses sistemas utilizam instrumentos geotécnicos, inspeções visuais regulares, análises de estabilidade e comitês independentes de revisão, em um modelo que combina monitoramento 24 horas com relatórios periódicos às autoridades. A ANM, por sua vez, mantém um cadastro nacional de barragens de mineração e define categorias de risco e dano potencial, o que orienta a frequência de vistorias, a exigência de planos de emergência e a realização de simulados com comunidades em áreas de influência.
Orientações à população e próximos passos
A Defesa Civil de Araxá orienta moradores a não tentar avaliar sozinhos a estrutura de casas, prédios ou barragens e a acionar imediatamente o serviço de emergência em caso de rachaduras novas, deslocamento de taludes, ruídos incomuns ou vazamentos próximos a estruturas de mineração. O órgão recomenda que, diante de qualquer novo tremor, as pessoas se afastem de janelas, prateleiras e objetos que possam cair, e que procurem locais mais seguros dentro de casa, evitando o uso de elevadores.
Técnicos de centros de sismologia lembram que não é possível prever com precisão se novos tremores ocorrerão, mas explicam que, em episódios dessa magnitude, réplicas significativas são pouco prováveis; ainda assim, o monitoramento sísmico da região seguirá reforçado nos próximos dias. A prefeitura informou que continuará divulgando atualizações sobre a situação das barragens e sobre eventuais avaliações complementares em edificações públicas, buscando reduzir a ansiedade da população após o susto da noite de sexta-feira.
