Trump suspende tarifaço dos EUA sobre produtos brasileiros

Ao eliminar sobretaxas, presidente americano se rende à pressão interna e expõe irrelevância do filho de ex-presidente, que critica avanço diplomático de Lula

Donald Trump e Lula – Foto: Ricardo Stuckert/PR
Luciano Meira

Uma canetada do presidente Donald Trump abalou a quinta-feira (20) dos exportadores e consumidores: os Estados Unidos retiraram as tarifas extras de 40% que incidiam sobre café, carne, frutas, cacau e outros produtos brasileiros, revertendo o chamado tarifaço que vinha penalizando a pauta exportadora nacional desde agosto. A decisão — ao contrário do que tentam vender certas alas opositoras — foi divulgada após conversa entre Trump e o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, segundo a própria Casa Branca, e entrou em vigor imediatamente, impactando dezenas de itens do agronegócio brasileiro.​

O que foi o tarifaço

O tarifaço imposto inicialmente por Trump em 2025 consistiu em sobretaxas de até 40% sobre centenas de produtos nacionais, com justificativa de proteção à indústria americana e à sua balança comercial. No caso de café, carne bovina, frutas tropicais, cacau, entre outros produtos essenciais, isso representou um aumento significativo dos preços pagos pelo consumidor americano — o que logo se converteu em pressão política interna sobre o governo, visto o aumento do custo de vida nos EUA em meio à campanha eleitoral.​

Veja a lista dos produtos brasileiros que tiveram a tarifa adicional de 40% retirada pelos Estados Unidos:

Carne bovina

Café

Açaí

Cacau (amêndoas, pasta, manteiga e pó)

Banana

Tomate

Coco

Castanha de caju

Mate

Especiarias como pimenta, canela, baunilha, cravo e noz-moscada

Sucos de frutas (laranja, limão/lima, abacaxi, água de coco)

Polpas de frutas, geleias, pastas e purês

Palmito

Tapioca, féculas e amidos

Produtos preservados em açúcar ou vinagre

Fertilizantes (ureia, sulfato de amônio, nitrato de amônio, misturas NPK, fosfatos MAP/DAP, cloreto de potássio)

Essa retirada vale para produtos que chegaram aos Estados Unidos a partir de 13 de novembro de 2025, data que coincide com reunião entre autoridades brasileiras e americanas para discutir o tema. A decisão alivia exportadores e consumidores americanos, revertendo o tarifaço que afetava principalmente commodities do agronegócio brasileiro. A medida era um dos principais pontos de tensão nas relações bilaterais e levou o Brasil a acionar órgãos internacionais e buscar negociações diretas com a Casa Branca. A reversão anunciada agora por Trump significa que todos esses produtos voltam ao patamar tributário anterior, aliviando produtores brasileiros e sinalizando distensão nas relações entre os países.​

O contorcionismo de Eduardo Bolsonaro

Em vez de reconhecer o papel das tratativas diplomáticas, que incluíram telefonema documentado entre Lula e Trump, o deputado Eduardo Bolsonaro preferiu atribuir a suspensão das tarifas a fatores internos dos EUA. Segundo ele, a decisão teria sido motivada apenas pelo objetivo de conter a inflação no mercado americano, esvaziando qualquer mérito do diálogo entre presidentes.​Eduardo declarou em redes que “a diplomacia brasileira não teve qualquer mérito” na retirada das tarifas, ignorando documentos oficiais e comunicados tanto da Casa Branca quanto do Itamaraty. Talvez esteja faltando tempo para acompanhar essas informações — afinal, preocupa muito mais, nos últimos dias, o noticiário que envolve a iminente prisão de seu pai criminoso, o ex-presidente Jair Bolsonaro, alvo de mais investigações que seguem acelerando devendo render mais algumas condenações, enquanto se desenha a reaproximação comercial entre Brasil e EUA.​

Decisão com “sotaque” eleitoral

Analistas internacionais atribuem a Trump motivações pragmáticas: com a proximidade das eleições legislativas e a pressão popular pelo custo de vida, o presidente americano cedeu para evitar maiores desgastes à sua imagem, afetada pela inflação e pela situação do comércio exterior. Lula, por sua vez, celebrou o acordo e disse que a medida “sinaliza respeito e maturidade” na relação entre as maiores economias do continente.​

Enquanto a retirada do tarifaço é comemorada por produtores e diplomatas, resta a observação: para os que têm bandidos de estimação, o mais seguro seria não subestimar a força da diplomacia — nem perder o foco no noticiário doméstico, que pode reservar surpresas menos agradáveis do que a reabertura do mercado americano.

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