Vaticano confirma AVC e parada cardiocirculatória como causa da morte
Luciano Meira
O papa Francisco, líder da Igreja Católica Romana por mais de uma década, morreu nesta segunda-feira (21), aos 88 anos, após uma longa batalha contra a pneumonia.
A morte foi anunciada pelo cardeal Kevin Farrell, camerlengo da Santa Sé, com as seguintes palavras: “Queridos irmãos e irmãs, é com dor profunda que devo anunciar a morte do nosso Santo Padre Francisco”.
“Às 7h35 [2h35 do Brasil] desta manhã, o bispo de Roma, Francisco, voltou para a casa do Pai.
Sua vida inteira foi dedicada ao serviço do Senhor e da sua Igreja.
Ele nos ensinou a viver os valores do evangelho com fidelidade, coragem e amor universal, especialmente em favor dos mais pobres e marginalizados. Com imensa gratidão por seu exemplo como verdadeiro discípulo do Senhor Jesus, encomendamos a alma do papa Francisco ao infinito amor misericordioso do Deus Uno e Trino”, acrescentou.
Mais tarde, por volta de 15h (horário de Brasília), o Vaticano divulgou um atestado médico confirmando que Jorge Bergoglio faleceu em decorrência de um derrame cerebral (AVC) e de um “colapso cardiocirculatório irreversível”.
“Certifico que Sua Santidade Francesco (Jorge Mario Bergoglio), nascido em Buenos Aires (Argentina) em 17 de dezembro de 1936, residente na Cidade do Vaticano, cidadão vaticano, faleceu às 7h35 [horário local] do dia 21 de abril de 2025, em seu apartamento na Casa Santa Marta, por derrame cerebral, coma e colapso cardiocirculatório irreversível”, diz o documento assinado por Andrea Arcangeli, chefe da Direção de Saúde e Higiene da Cidade-Estado.
O atestado relata ainda que o paciente foi atingido por “episódio pregresso de insuficiência respiratória aguda devido a uma pneumonia bilateral polimicrobiana”, por “bronquiectasias múltiplas, hipertensão arterial e diabetes tipo 2”. “A morte foi determinada por eletrocardiograma. Declaro que as causas da morte, segundo meu conhecimento e consciência, são as acima indicadas”, acrescenta o documento.
Francisco fez sua última aparição pública no último domingo (20), na loggia central da Basílica de São Pedro, no Vaticano, para a bênção “Urbi et Orbi” (“À cidade e ao mundo”), que é pronunciada pelo pontífice sempre nos dias de Páscoa e Natal e aborda as principais crises da atualidade, mas, com visíveis dificuldades para falar, confiou a leitura do texto a um colaborador.
“Caros irmãos e irmãs, boa Páscoa”, disse Jorge Bergoglio, com a voz ainda fraca e ofegante, para os 35 mil fiéis reunidos na Praça São Pedro, onde foi possível ouvir gritos de “viva o Papa”.
Em seguida, Jorge Bergoglio encarregou o mestre das celebrações litúrgicas pontifícias, Diego Ravelli, de ler a bênção pascal, que alertou para o estado atual do mundo, pedindo o fim dos conflitos armados em diversos países.
Testamento de Francisco
A Sala de Imprensa do Vaticano divulgou nesta segunda-feira o testamento do papa Francisco, que estava pronto desde 29 de junho de 2022.
“Sentindo que o fim da minha vida terrena se aproxima e com viva esperança na Vida Eterna, desejo expressar minha vontade testamentária unicamente no que diz respeito ao lugar de minha sepultura”, escreveu o religioso na época, pedindo que seu corpo fosse enterrado na Basílica de Santa Maria Maior, em Roma, “esperando o dia da ressurreição”.
“Desejo que minha última viagem terrena se conclua justamente nesse antiquíssimo santuário mariano, onde me dirigia para orar antes e depois de cada viagem apostólica para confiar minhas intenções à Mãe Imaculada e agradecê-la pelo cuidado dócil e materno”, afirmou Bergoglio no testamento.
“Peço que minha tumba seja preparada no lóculo da nave lateral entre a Capela Paolina e a Capela Sforza, na mencionada basílica papal. O sepulcro deve estar na terra; simples, sem decorações particulares e com uma única inscrição: Franciscus [nome do Papa em latim]”, determinou Bergoglio.
“As despesas para a preparação da minha sepultura serão cobertas com a soma que providenciei, para ser transferida para a Basílica de Santa Maria Maggiore e sobre a qual dei instruções oportunas ao monsenhor Rolandas Makrickas [arcipreste da basílica]. Que o Senhor dê a merecida recompensa àqueles que me quiserem bem e continuarão a orar por mim. Ofereci ao Senhor o sofrimento que se fez presente na última parte da minha vida pela paz no mundo e pela fraternidade entre os povos”, concluiu Francisco.
Corpo do Papa deve chegar na Basílica de São Pedro em 23/4
O corpo do papa Francisco deve ser levado para a Basílica de São Pedro, no Vaticano, no próximo dia 23 de abril, para a despedida dos fiéis.
As modalidades do velório, no entanto, devem ser anunciadas apenas nesta terça (22), após uma primeira Congregação de Cardeais, reunião do colégio cardinalício que antecede o conclave.
Como as normas da constituição apostólica Universi Dominici Gregis indicam que o funeral do líder da Igreja Católica deve acontecer entre o quarto e o sexto dias da morte, portanto, entre sexta-feira (25) e domingo (27), o mais provável é que aconteça no sábado (26).
Os detalhes do funeral ainda não foram divulgados, mas será o primeiro após as mudanças na cerimônia ordenadas pelo próprio Francisco.
Com isso, o corpo do Papa não será mais exposto fora do caixão em uma plataforma, como mandava a tradição, mas sim já dentro de seu esquife aberto, que terá uma camada de madeira e outra de zinco.
Se a vontade de Jorge Bergoglio for seguida, ele será sepultado na Basílica de Santa Maria Maggiore, principal templo mariano de Roma e bastante frequentada por ele desde os tempos de cardeal.
Praça São Pedro receberá hoje rosário em homenagem ao Papa
A Praça São Pedro no Vaticano recebeu nesta segunda-feira, às 14h30 (19h30 na Itália), um rosário em homenagem ao papa Francisco. A atividade foi conduzida pelo cardeal Mauro Gambetti, informou a Sala de Imprensa do Vaticano.