Zema deixa polícia sem dinheiro para combustível e apresenta “Power Point” de sua administração no Paraná
Governador apresentou na Expoingá dados que contradizem a situação do Estado exposta pelo secretário de Fazenda e pelo vice-governador na ALMG

Luciano Meira
Após o governador Romeu Zema (Novo) anunciar um corte de R$ 1,1 bilhão em recursos para evitar uma suposta calamidade financeira, agora o governo sinaliza que talvez tenha chegado a hora de “raspar o fundo do tacho”.
Comunicados internos proibindo o abastecimento de combustíveis em postos não credenciados, limitando o abastecimento das viaturas da Polícia Civil de Minas Gerais para, no máximo, cinco vezes por mês, sendo que todas as viaturas flex da Polícia Civil devem ser abastecidas com álcool, são as novas medidas de economia encontradas pela administração.O contingenciamento dos combustíveis imposto pelo governo Zema determina que as viaturas caracterizadas podem ser abastecidas até quatro vezes por mês com etanol e, no máximo, três com gasolina ou diesel. Já as viaturas descaracterizadas podem ser abastecidas cinco vezes por mês com etanol e quatro com gasolina ou diesel.
O presidente do Sindipol, Wemerson Oliveira, afirma que a medida pode interferir no trabalho policial. “Temos várias diligências que começam, por exemplo, em Belo Horizonte e seguem para cidades do interior ou até mesmo para outros Estados. Com a nova determinação, a investigação vai até onde a cota permite. Quando acaba, não tem mais como continuar”, disse o policial.
Oliveira também diz que o policial em uma diligência distante pode ficar sem alternativa para prosseguir, o limite do cartão de abastecimento não pode ser ultrapassado, caso ocorra, o cartão é automaticamente bloqueado. “Já tivemos o caso de um colega que saiu para diligência em uma cidade distante e precisou pagar o combustível do próprio bolso para conseguir voltar. A situação do nosso Estado é penosa.”
Para Oliveira, a situação é grave e ainda pode piorar. “Nossos salários já são baixos, e esse contingenciamento atinge, na verdade, toda a sociedade. Não é só o policial civil que está sendo prejudicado, é a população. Quando se impede uma investigação, favorece-se o aumento da criminalidade – e já estamos vendo isso acontecer em Minas Gerais.”
Ao contrário desta Minas Gerais da realidade dos servidores de todas as áreas e da população, muito parecida com a realidade exposta pelo secretário estadual da Fazenda, Luiz Cláudio Gomes, que em Audiência Pública na ALMG avisou que, em razão da situação financeira do Estado, não haverá recomposição salarial para nenhuma categoria de servidores, na mesma semana, em 18/04, quando foi editado o Decreto de Contingenciamento de R$ 1,1 bilhão, e após uma semana do protocolo dos projetos do Propag pelo vice-governador Mateus Simões (Novo), que em uma ação de marketing eleitoral apareceu “de pires na mão” na ALMG, sem explicações e dados concretos, tentando convencer os parlamentares mineiros de que o contingenciamento do Orçamento, o congelamento de salários até 2030, a entrega de direitos creditórios, a privatização de estatais e o desmonte da UEMG são as únicas alternativas para sanar os problemas financeiros do Estado, o governador segue em sua peregrinação na tentativa de, em uma eventual próxima pesquisa eleitoral para 2026 em que seu nome seja incluído, ele apareça pelo menos acima dos votos “não sei, brancos e nulos”.
Nesta sexta-feira (16), sem falar do racionamento de combustíveis para viaturas policiais, com seu Power Point, Zema compareceu na Expoingá, uma das grandes feiras agropecuárias do país, na cidade de Maringá, no norte do Paraná.
Em palestra para empresários do agro local, Zema falou do setor em Minas Gerais e aproveitou a oportunidade para falar sobre seus sete anos de governo, apresentando números que contradizem tudo o que ele, seu vice e seu secretário de Fazenda dizem para a população, para os servidores e aos parlamentares em Minas Gerais.

Em determinado momento, Zema projeta um slide que mostra um superávit de mais de R$ 5 bilhões em 2024, dizendo: “Minas alcança o 4º ano seguido com contas equilibradas”, levantando dúvidas sobre a real necessidade do contingenciamento de R$ 1,1 bilhão ocorrido no mês passado, como argumento utilizado para precarizar serviços à população, não conceder reajustes aos servidores e encorpar o discurso em favor da entrega do patrimônio mineiro no Propag.

Seguindo em sua palestra, Zema apresenta outro slide mostrando uma alegada “redução da taxa de endividamento de Minas” e a “redução de gastos com pessoal com avanço na melhoria para os servidores”. A redução da taxa de endividamento pode ser explicada pelo baixo volume de investimentos em diversos setores; já a redução dos gastos com pessoal fica claramente identificada se levarmos em consideração o aumento da arrecadação e o fato de não haver reajuste e nem mesmo recomposição salarial para os servidores, exceto os da Educação, que até alguns dias, quando no Projeto de Lei (PL) 3.503/25, que concedeu recomposição de 5,26% foi aprovada uma emenda da deputada estadual Beatriz Cerqueira (PT), garantindo o direito de que nenhum servidor da Educação receba menos que um salário mínimo, valendo para toda a educação básica, em especial para auxiliares de serviço, cantineiras e faxineiras; porém, outra emenda determinando que nenhum servidor público, de qualquer outra área do funcionalismo, não possa receber a título de vencimento básico valor inferior ao salário mínimo foi derrubada pela base governista, mantendo esta situação degradante para os servidores em Minas Gerais e servindo aos interesses de marketing do governador que diz, para quem não o conhece, que reduziu os gastos com servidores.