Bolsonaro adia a revolução: repouso absoluto para quem queria comandar o Brasil do sofá

Inelegível, ex-presidente cancela turnê política após fracasso na Paulista e crises de soluço, enquanto segue atacando o STF e negando golpe; até aliados já pedem menos espetáculo e mais descanso

Foto: Valter Campanato/Agência Brasil/Arquivo
Luciano Meira

Jair Bolsonaro, o eterno candidato a tudo (menos a exames médicos em dia), foi finalmente vencido não por seus adversários, mas por uma combinação imbatível de soluços, vômitos e uma esofagite digna de novela das oito. O ex-presidente, que até ontem prometia rodar o Brasil para “salvar a democracia” – leia-se, atacar o STF, pedir anistia para golpistas e sonhar com um Congresso que destitua ministros do Supremo – agora foi intimado pelos médicos a repousar em casa, longe dos holofotes e do palanque esvaziado da Avenida Paulista.A “internação” chega em momento providencial, logo após o fiasco do último ato na Paulista, que reuniu menos gente que festa de aniversário em dia de chuva e provocou mais ironias do que aplausos, inclusive entre seus próprios aliados, que já o veem como “arroz de festa” e sugerem que ele se preserve para não virar um meme ambulante. O evento, que deveria ser o grande grito de resistência do bolsonarismo, virou piada nacional: plateia minguante, ataques vazios ao STF e discursos de sempre sobre a “ameaça comunista” e a “destruição da família” – tudo isso enquanto nega qualquer envolvimento em tentativa de golpe, apesar de ser réu no Supremo e alvo de investigações sobre tramas golpistas e espionagem clandestina.

Mesmo inelegível até 2030, Bolsonaro não perde a chance de se apresentar como “candidato de si mesmo”, ignorando o fato de que 65% dos brasileiros preferem vê-lo longe das urnas e, quem sabe, perto de um bom repouso médico. O roteiro é sempre o mesmo: acusa a esquerda de todos os males, repete as mesmas mentiras e narrativas demagógicas da extrema-direita, e promete que, com “50% do Congresso”, tudo se resolve – inclusive a destituição de ministros do STF, tema que, por razões óbvias, ele evita dizer em alto e bom som, mas insinua em cada fala.

Agora, com a saúde debilitada e a recomendação de silêncio absoluto, Bolsonaro terá tempo de sobra para refletir sobre o fracasso de seus planos de “comandar o país” da sala de casa, enquanto seus aliados tentam encontrar um novo nome para carregar a bandeira da extrema-direita. Afinal, até para inventar conspiração, é preciso estar em condições de falar – e, pelo visto, nem isso ele consegue mais sem soluçar.

O Metropolitano

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