Prisão de suspeito revela bastidores de ataque hacker que desviou quase R$ 1 bilhão
Funcionário terceirizado do Banco Central confessou ter facilitado acesso de criminosos ao sistema financeiro, permitindo um dos maiores golpes digitais do país

Luciano Meira
A Polícia Civil de São Paulo prendeu, na noite de quinta-feira (3), João Nazareno Roque, de 48 anos, suspeito de facilitar o ataque hacker que resultou no desvio de valores que podem chegar a R$ 1 bilhão de instituições financeiras conectadas ao sistema Pix do Banco Central. O crime, considerado um dos maiores já registrados no sistema financeiro brasileiro, ocorreu na última terça-feira (1º) e afetou pelo menos seis bancos e fintechs.Segundo as investigações, Roque era operador de TI da empresa C&M Software, responsável por interligar bancos ao Sistema de Pagamentos Brasileiro (SPB). Ele teria fornecido, de forma não autorizada, senhas e credenciais de acesso ao sistema sigiloso da empresa, permitindo que hackers realizassem transferências fraudulentas em larga escala. Em depoimento, o suspeito confessou ter recebido pagamentos para entregar os dados e executar comandos que viabilizaram o golpe.
A ação criminosa foi possível por meio de uma simulação fraudulenta de integração, na qual os hackers usaram credenciais legítimas para se passar por instituições financeiras autorizadas. O Banco Central, a Polícia Federal e a Polícia Civil seguem investigando o caso, que já resultou no bloqueio de parte dos valores desviados e na suspensão temporária dos serviços da C&M Software.