Petrobras anuncia retomada da distribuição de gás de cozinha pretendendo oferecer preços mais justos

Após quase seis anos afastada do setor, estatal busca recuperar controle reduzindo prejuízos causados pela privatização da Liquigás no governo Bolsonaro

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Luciano Meira

A Petrobras comunicou na noite desta quinta-feira (7) a aprovação pelo seu conselho de administração para o retorno ao negócio de distribuição de gás liquefeito de petróleo (GLP), popularmente conhecido como gás de cozinha. A decisão marca um movimento estratégico de recuperação de participação em um segmento abandonado em 2020, quando o governo Bolsonaro promoveu a venda da Liquigás para grupos privados, gerando consequências negativas para consumidores e para o controle público do setor.

Durante o governo anterior, a Petrobras optou por abrir mão de ativos importantes, sob a justificativa de focar na redução de dívidas e na exploração de petróleo em águas profundas. A privatização da Liquigás, vendida por cerca de R$ 4 bilhões a um consórcio formado pela Copagaz, Itaúsa e Nacional Gás Butano, resultou na perda de controle sobre um mercado relevante, que abrangia todas as unidades federativas e uma rede ampla de revendedores autorizados. Tal decisão contribuiu para elevar os preços do gás de cozinha e deixou a população refém de um mercado dominado por poucas empresas, que priorizam o lucro em detrimento do interesse público.O presidente Lula (PT), tem expressado publicamente críticas ao cenário atual dos preços do botijão de gás, denunciando uma cadeia de distribuição que encarece enormemente o produto final pago pelo consumidor. Segundo ele, a Petrobras vende o gás por aproximadamente R$ 37, mas o preço final chega a até R$ 140 em alguns estados, valor inalcançável para muitas famílias.

Além da Liquigás, a Petrobras foi obrigada a vender, também no governo Bolsonaro, sua participação na BR Distribuidora, hoje chamada Vibra Energia, que apesar de manter a marca BR nos postos, não pertence mais à estatal. Esta desestatização da cadeia de distribuição de combustíveis e gás comprometeu a capacidade da Petrobras de influenciar preços e garantir o abastecimento a custos justos para a população.

No mesmo dia da aprovação da volta da estatal à distribuição de GLP, a Petrobras divulgou seu balanço do segundo trimestre de 2025, que aponta um lucro líquido de R$ 26,7 bilhões no período, revertendo prejuízos anteriores. A empresa anunciou ainda a distribuição de R$ 8,66 bilhões em dividendos e juros sobre capital próprio aos acionistas, dos quais o governo federal, principal acionista, deve receber cerca de 29%. Este cenário econômico destaca a capacidade da Petrobras de gerar valor e contrasta com as perdas de controle estratégico sofridas nos anos anteriores.

A retomada da distribuição de gás pela Petrobras representa uma tentativa de corrigir os impactos das decisões tomadas pelo governo Bolsonaro em relação às privatizações no setor energético, que prejudicaram diretamente os consumidores e reduziram o papel da estatal no mercado doméstico. Ainda que sem detalhar plenamente os planos de atuação imediata no setor, a estatal sinaliza a intenção de oferecer soluções integradas, priorizando a sustentabilidade e o acesso justo à energia.

Este movimento reforça a crítica contundente de que as privatizações promovidas no período anterior trouxeram prejuízos ao país, seja pela perda do controle sobre serviços essenciais, seja pelo aumento dos preços ao consumidor final, demonstrando a urgência de políticas que coloquem o interesse público acima do financeiro. A esperada reativação da atuação da Petrobras na distribuição de gás pode representar o início de um processo de reconquista da soberania energética e da garantia de tarifas mais justas para os brasileiros.

O Metropolitano

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