Padre Kelmon das Alterosas: Zema é criticado por discurso irreal sobre segurança e “terceirização” do comando de Minas

Governador é acusado de maquiar dados, racionar combustível para viaturas e agir como presidenciável ausente do Estado

Governador Romeu Zema (Novo) – Foto: Reprodução Redes Sociais – Arte RMC
Luciano Meira

Em meio à crise da segurança pública, denúncias de racionamento de combustível para viaturas, defasagem salarial entre outros graves problemas da área em Minas Gerais, o governador Romeu Zema (Novo) buscando protagonismo nacional articula-se com governadores de direita em eventos que podem ser considerados quase de campanha.
Ignorando a realidade mineira e pela “terceirização” do comando do Estado para seu vice, Mateus Simões (PSD), Zema virou um personagem satírico, o “Padre Kelmon das Alterosas”, como sugerido pelo ex-prefeito de Belo Horizonte em entrevista recente, devido sua insignificante expressão fora de Minas Gerais.​Zema vende um estado seguro, mas enfrentamento de facções desmente versão oficial

O governador Romeu Zema tem repetido em entrevistas e eventos que Minas Gerais é “um dos estados mais seguros do Brasil” e que facções criminosas não prosperam em território mineiro. No entanto, documentos atribuídos a quatro facções — Primeiro Comando da Capital (PCC), Terceiro Comando Puro (TCP), Família Anjo Rebelde (AR) e Tropa do Douglas (TDD) — anunciam uma união estratégica em Minas, simbolizando o avanço do crime organizado. Especialistas e entidades apontam que o governo ignora alertas sobre a gravidade da situação, enquanto delegacias enfrentam dificuldades operacionais e investigações são paralisadas por falta de recursos.​

Sob a gestão de Zema, cortaram-se R$ 1,1 bilhão em recursos do Estado, afetando diretamente o abastecimento de viaturas da Polícia Civil — limitadas a, no máximo, cinco abastecimentos por mês com etanol, combustível menos eficiente, e impedidas de superar esse teto mesmo em casos de emergência. Policiais relatam ter que tirar dinheiro do próprio bolso para manter investigações em andamento. O Sindicato da Polícia Civil classifica a medida como “grave” e alerta para o risco de colapso das investigações em Minas Gerais.​

Enquanto os problemas locais se aprofundam, Zema aposta na articulação com governadores bolsonaristas em linhas de frente e eventos sobre segurança — visitando outros estados, participando de debates virtuais e apoiando iniciativas que buscam ampliar o poder das polícias e equiparar facções criminosas a grupos terroristas. Internamente, adversários políticos e servidores apontam que, na prática, Zema “terceirizou” o governo mineiro ao seu vice, Mateus Simões, nome escalado como seu candidato à sucessão em 2026.​

Ironia de Kalil reforça desgaste político

O ex-prefeito de Belo Horizonte, Alexandre Kalil (PDT), ironizou publicamente Zema, comparando-o ao ex-candidato à presidência Padre Kelmon — que teve desempenho pífio nas urnas nacionais. Kalil afirmou: “Se o Padre Kelmon pôde ser candidato a presidente, o Zema também pode. Ele terá a mesma competitividade do Padre Kelmon”. O gesto reforçou a visão de que o governador segue alheio aos problemas de Minas, perambulando pelo país e pelo exterior em busca de apoio, enquanto o Estado enfrenta crise profunda: “Padre Kelmon das Alterosas”, um apelido jocoso, simbolizando a pouca ou quase nenhuma representatividade de Zema fora de Minas.​​

Comando do Estado terceirizado e futuro incerto

Hoje, é percepção corrente entre servidores e adversários que Zema se ausentou das decisões cotidianas: quem realmente governa Minas é seu vice, Mateus Simões. Diante da combinação de maquiagem de dados, corte de recursos e apatia diante do avanço do crime, a crise de segurança perde espaço nos discursos oficiais, mas ganha força nos bastidores e nas ruas. Se Zema sonha com a Presidência e de eleger seu sucessor em Minas Gerais, enfrenta o desafio de sair do papel de “Padre Kelmon das Alterosas”, cômico fora do epicentro mineiro, e responder às demandas básicas da população — especialmente segurança pública, hoje a beira do colapso.

O Metropolitano

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