Acordo de paz entre Israel e Hamas amplia esperanças, mas vítimas civis palestinas continuam a marcar o conflito

Enquanto negociações chegam a um estágio de cessar-fogo, relatores internacionais destacam o peso humano da guerra, sobretudo entre mulheres e crianças em Gaza

Reprodução USNews
Luciano Meira

O acordo de paz entre Israel e Hamas, negociado com apoio internacional e apresentado como passo crucial para pôr fim a anos de confrontos, surge em meio a números que denunciam o custo humano para a população palestina, especialmente mulheres e crianças em Gaza. Enquanto esperanças de um cessar-fogo se desenham, dados de organizações internacionais apontam ainda para um cenário de violência persistente, com milhares de mortos e milhões de desabrigados.A origem do embate remonta ao ataque inicial de Hamas a Israel em 7 de outubro de 2023, que desencadeou uma resposta militar de grande escala de Israel contra a Faixa de Gaza. Este ciclo de violência gerou uma das crises humanitárias mais graves das últimas décadas, com impactos profundos na infraestrutura, serviços básicos e segurança alimentar. Fontes internacionais destacam que o confronto envolve questões de ocupação, bloqueio humanitário e disputas por território, que alimentam a violência e a desconfiança entre as partes.​

O conflito evoluiu para fases de campanha militar intensiva, interrupções de hostilidades, negociações de cessar-fogo e, mais recentemente, propostas de acordos de paz com trocas de hostages/prisioneiros como parte do mecanismo de implementação. Esse mosaico de iniciativas compõe o pano de fundo de um cenário difícil de consolidar, onde promessas de paz devem conciliar a segurança de Israel com a proteção de civis em Gaza.​

Números oficiais e monitorados por autoridades de saúde palestinas indicam que, desde o início do conflito, milhares de palestinos foram mortos, com uma parcela significativa de menores de idade. Em leituras recentes, destacam-se mortes de mais de 60 mil a 84 mil pessoas ao longo de diferentes períodos, dependendo do momento da contagem e das metodologias usadas pelas fontes. Observa-se que crianças representam uma parcela considerável das vítimas, variando conforme a atualização de dados e a organização que os compila.​

Estudos e análises independentes, incluíndo avaliações da ONU e de organizações de direitos humanos, enfatizam a prevalência de mortes entre mulheres e crianças. Em relatórios de 2025, a parcela de mulheres e crianças entre as vítimas tem sido apontada como elevada, com algumas fontes estimando que quase metade ou mais das fatalidades verificada envolve esse grupo etário, especialmente em episódios de ataques a áreas densamente povoadas ou abrigos de deslocados.​

A avaliação de metodologias diversas para contabilizar mortes — por listas oficiais, registros hospitalares e amostras independentes — revela discrepâncias entre números oficiais de ministérios da saúde e métricas de organizações internacionais, o que reforça a necessidade de cautela na interpretação das cifras, sem perder de vista o sofrimento humano que os números representam.​

Dados da ONU e de comissões independentes apontam para impactos desproporcionais sobre mulheres e crianças, incluindo mortes, ferimentos, ferimentos causados por violência de combate, desnutrição e interrupção de serviços básicos como saúde, água e educação. Em várias avaliações, as mulheres são citadas não apenas como vítimas, mas também como cuidadoras em cenários de crise, o que amplia o risco humano e as consequências intergeracionais do conflito.​

Organizações de proteção de direitos humanos destacam que, mesmo diante de cessar-fogo ou fases de acordo, as violências continuam a ocorrer em áreas de refúgio improvisado, escolas, abrigos temporários e rotas de distribuição de ajuda, impactando desproporcionalmente mulheres e crianças que já enfrentam condições de vulnerabilidade extrema. Tais relatos reforçam a necessidade de monitoramento internacional contínuo e de mecanismos robustos de proteção civil e humanitária.​

O que o acordo de paz propõe e o que ainda está em jogo

O anúncio de um acordo de paz, com uma primeira fase de cessar-fogo e componentes de liberação de reféns/prisioneiros, é apresentado como marco para reduzir a violência imediata e abrir espaço para um processo mais amplo de reconciliação e reconstrução. A narrativa internacional enfatiza que esse primeiro estágio tende a criar condições para negociações subsequentes, ao mesmo tempo em que se mantém a necessidade de salvaguardar civis, garantir acesso humanitário e respeitar direitos humanos. Vários relatos destacam que a viabilidade de longas trajetórias de paz depende da implementação efetiva de cessar-fogo, supervisão internacional e compromissos verificáveis de ambas as partes.​

Contudo, analistas e autoridades de direitos humanos salientam que, mesmo com acordos formais, as condições no terreno podem continuar voláteis, com riscos de violações de direitos humanos, ataques a civis e deslocamento de populações. O acompanhamento internacional, incluindo agências da ONU e organizações de direitos humanos, permanece essencial para documentar abusos, coibir violência e sustentar uma proteção contínua a civis, especialmente mulheres e crianças.​

Dados, números e referências-chave

Mortalidade em Gaza desde o início do conflito (variações por órgão e momento da contagem): em torno de 60 mil a 84 mil mortos, com indicadores de que crianças compõem uma parcela significativa das fatalidades; essas estimativas são atualizadas conforme novas contagens independentes ou oficiais são divulgadas.​

Proporção de mortes entre mulheres e crianças: estimativas de que quase metade ou mais das vítimas são mulheres e crianças, conforme relatórios da ONU e agências de direitos humanos; variações ocorrem entre períodos e metodologias de verificação.​

Cenário humano em Gaza: milhões de pessoas deslocadas, crises de alimentação, acesso à água e serviços médicos comprometidos; autoridades e agências humanitárias descrevem um quadro de emergência prolongada que exige respostas rápidas e focalizadas para proteção de civis e assistência humanitária.​

Os números variam conforme o órgão compilador (ministérios de saúde locais, ONGs, agências da ONU) e o período analisado. As leituras apresentadas refletem o panorama contemporâneo a 2025, com ênfase na vulnerabilidade de mulheres e crianças durante a crise humanitária associada ao conflito Israel-Hamas e aos impactos do cessar-fogo proposto.​

Observa-se também a presença de análises independentes que buscam triangulação de dados, reconhecendo limitações de contagem em zonas de conflito e ataques frequentes a centros de saúde e rotas de assistência, o que afeta a confiabilidade de estatísticas oficiais em tempo real.​

Acordos de paz entre Israel e Hamas representam uma oportunidade fundamental para reduzir a violência e abrir caminho para a reconstrução, mas não podem significar complacência diante do custo humano de longo prazo. Enquanto o foco internacional se volta para a primeira fase do cessar-fogo e para as promessas de liberação de reféns, a prioridade anunciada por organizações de direitos humanos é clara: proteger civis, especialmente mulheres e crianças em Gaza, assegurar o acesso humanitário e acompanhar rigorosamente a implementação para evitar que as promessas se percam no ruído das negociações. O desafio permanece em transformar números em proteção concreta e em construir uma paz sustentável que seja percebida como justa por todas as partes envolvidas.

O Metropolitano

Jornalismo profissional e de qualidade. Seu portal de notícias da Região Metropolitana de Belo Horizonte, de Minas Gerais, do Brasil e do Mundo.
Botão Voltar ao topo