Data de validade da água engarrafada: entenda os riscos para o consumidor em pequenos comércios

Embalagem plástica pode deteriorar e transferir contaminantes para a água; fígado humano é afetado por exposição prolongada

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Luciano Meira

A água engarrafada, apesar de parecer um produto isento de riscos, traz um alerta importante ao consumidor: seu prazo de validade estampado nas garrafas não se refere à água em si, mas à integridade da embalagem. Esse fator torna a compra em pequenos comércios, onde o controle de estoque é menor e a rotatividade de mercadorias é baixa, um risco potencial à saúde, principalmente quando há armazenamento inadequado e negligência com prazos.​Por que existe validade na água engarrafada?

A água mineral de fontes naturais não apresenta deterioração, mas, ao ser envasada, o ambiente externo e o material da embalagem passam a influenciar na sua qualidade. A legislação prevê a data de validade justamente porque o plástico das embalagens, com o tempo, pode liberar compostos como bisfenol A (BPA), antimônio e microplásticos para o conteúdo, principalmente sob condições de calor excessivo ou armazenamento prolongado. Além disso, altas temperaturas aceleram o processo de degradação do plástico e potencializam a proliferação de bactérias e outros microorganismos, caso haja contaminação inicial.​

Riscos do consumo em pequenos comércios

Estabelecimentos com menor rotatividade costumam manter produtos em prateleiras por mais tempo. Essa prática faz com que o consumidor esteja mais exposto a adquirir garrafas próximas ou já no vencimento. Os riscos incluem:

Alteração do sabor, cheiro e cor da água por interação com o plástico vencido ou exposto ao calor;

Presença de microplásticos, bisfenol A e metais pesados que podem se acumular no organismo com efeitos tóxicos a longo prazo, inclusive comprometendo o fígado, sistema digestivo e provocando distúrbios hormonais e neurológicos;​

Contaminação eventual por bactérias, especialmente se a embalagem apresentar dano ou má vedação.​

Em locais com controle precário de estoque, o risco é agravado, já que o armazenamento pode se dar em áreas expostas à luz solar direta ou temperaturas superiores a 35 °C, acelerando as reações químicas entre plástico e água.​

O que recomenda a legislação

A Agência Nacional de Mineração (ANM) determina que todo fornecedor deve informar a validade de forma clara e precisa. O Código de Defesa do Consumidor proíbe a venda de produtos vencidos e prevê fiscalização, especialmente em pequenos comércios, onde a fiscalização costuma ser menor. Fiscalizações recentes promovidas por órgãos de defesa do consumidor intensificaram a cobrança por monitoramento de prazos e condições de armazenamento nesses estabelecimentos.​

Como se proteger

Verifique sempre a data de validade ao adquirir água engarrafada;

Observe se a garrafa apresenta alterações visuais, como deformações plásticas ou mudança de cor;

Prefira comprar água de estabelecimentos com alta rotatividade;

Exija acondicionamento adequado, longe do sol e do calor;

Dê preferência a embalagens de vidro quando disponíveis, por isolarem melhor o líquido;​

Em caso de dúvida sobre o sabor ou odor da água, descarte o produto.​

O consumidor deve estar atento: tanto a integridade física da embalagem quanto à validade são essenciais para garantir a segurança da água consumida, sobretudo quando comprada em pequenos comércios. Especialistas reforçam que os riscos não estão na água em si, mas no envelhecimento e degradação da embalagem plástica, amplificados pelo tempo e condições inadequadas de armazenamento.

O Metropolitano

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