Deputado entra com pedido no TCE para derrubar sigilo de documentos da Codemig

Polêmica sobre transparência na negociação da dívida de Minas Gerais gera embates políticos

Deputado Estadual Professor Cleiton (PV-MG) – Reprodução Redes Sociais
Luciano Meira

O deputado estadual Professor Cleiton (PV) acionou o Tribunal de Contas do Estado de Minas Gerais (TCE-MG) com um pedido para derrubada do sigilo imposto a documentos estratégicos da Codemig — Companhia de Desenvolvimento Econômico de Minas Gerais. A medida, adotada pelo governo Romeu Zema no início de outubro, classificou 13 documentos confidenciais, incluindo pareceres jurídicos, relatórios financeiros e avaliações feitas pela consultoria internacional Goldman Sachs, que avaliou o valor da estatal e seus contratos, sobretudo na exploração mineral do nióbio em Araxá.​

O que está em jogo

A Codemig, estatal que administra reservas estratégicas como nióbio, lítio e terras raras, está no centro das negociações do Programa de Pleno Pagamento de Dívidas dos Estados (Propag), do governo federal, voltado para o abatimento da dívida mineira, que ultrapassa R$ 170 bilhões. O valor real desses ativos é decisivo para o estado definir sua posição nas tratativas com a União. A oposição alega que o sigilo impede o debate público e transparência sobre possíveis impactos políticos e econômicos.​

Argumentos da oposição e do governo

O deputado Professor Cleiton critica a decisão do governo de manter os documentos em sigilo por 15 anos. Ele argumenta que muitos desses documentos indicariam um valor superior a R$ 34 bilhões para a Codemig, suficiente para quitar grande parte da dívida estadual, e que a ocultação das informações visa prejudicar o papel fiscalizador do Legislativo. A oposição pretende ainda convocar a presidente da Codemig e ex-secretária de Planejamento e Gestão, Luísa Barreto, para esclarecimentos na Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG).​Por sua vez, o governo afirma que o sigilo é vital para proteger estratégias negociais e manter o valor competitivo da empresa em processos que incluem renovação de contratos importantes, como o com a Companhia Brasileira de Metalurgia e Mineração (CBMM). Destaca-se que esses documentos envolvem dados sensíveis que, se expostos, poderiam comprometer negociações.​

O TCE-MG recebeu acesso aos documentos sigilosos e está analisando o material em um processo relatado pelo conselheiro Telmo Passareli. Contudo, o sigilo vigente dificulta que outras instâncias e a população tenham conhecimento pleno dos dados. A oposição espera que o tribunal avalie a necessidade de transparência para garantir a fiscalização adequada dos ativos do estado e da gestão pública.​

A situação ocorre em meio à prorrogação do prazo para adesão ao Propag, programa que permite aos estados negociar suas dívidas com a União, flexibilizando regras para análise e federalização dos ativos. Minas Gerais, ainda sem definir oficialmente sua adesão, vê na Codemig um dos seus maiores ativos para negociação, enquanto o debate sobre a transparência permanece aberto e tensionado entre governo e oposição. A expectativa é que a questão da quebra do sigilo seja discutida nos próximos dias no TCE e na ALMG, com possível impacto nas negociações e políticas públicas relacionadas à dívida estadual.

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