Dia dos Professores: entre o reconhecimento simbólico e os desafios reais da educação

Criado para celebrar a importância do ensino, o 15 de outubro presta homenagem a uma categoria essencial, mas ainda pouco valorizada no Brasil

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Luciano Meira

Nesta quarta-feira (15), comemora-se em todo o país o Dia dos Professores, data dedicada a reconhecer o papel fundamental desses profissionais na formação da sociedade. Apesar das homenagens e discursos que marcam o dia, a realidade da profissão ainda é marcada por baixos salários, falta de estrutura nas escolas e pouco reconhecimento por parte do poder público.

Instituído oficialmente pelo Decreto Federal nº 52.682, de 14 de outubro de 1963, o Dia dos Professores tem origem em uma iniciativa mais antiga: em 15 de outubro de 1827, o imperador Dom Pedro I assinou um decreto criando o ensino elementar no Brasil e estabelecendo normas para o magistério. Mais de um século depois, a data passou a ser considerada oficialmente um momento de reconhecimento aos profissionais da educação.O decreto de 1963, assinado pelo então presidente João Goulart, consolidou a comemoração e estabeleceu o dia como feriado escolar. Desde então, o 15 de outubro tornou-se símbolo de agradecimento e reflexão sobre a valorização dos educadores — muitas vezes lembrados apenas nessa data.

A profissão, porém, enfrenta desafios históricos. Salários considerados insuficientes, jornadas extensas e condições precárias de trabalho compõem um cenário que afasta jovens talentos e sobrecarrega os profissionais em atividade. Segundo dados recentes de institutos de pesquisa educacional, o Brasil está entre os países da América Latina com menor remuneração média para professores da rede pública, em relação à média salarial nacional.

Apesar disso, muitos seguem na carreira movidos por convicção. Diversos docentes afirmam enxergar o magistério não apenas como uma profissão, mas como uma missão social. Em meio à carência de recursos e reconhecimento, veem no ato de ensinar um gesto de resistência e esperança — um compromisso com o futuro, mesmo diante da falta de incentivos.

“Ser professor é acreditar que o conhecimento transforma, mesmo quando o mundo parece duvidar disso. A sala de aula é o nosso campo de batalha e de sonho ao mesmo tempo”, resume uma professora da rede pública com mais de 30 anos de experiência, que pediu para não ser identificada.

Neste 15 de outubro, as homenagens se multiplicam em escolas e redes sociais. Mas para além das flores, lembranças e mensagens, permanece o desafio de transformar o reconhecimento simbólico em valorização real — condição indispensável para que o ensino brasileiro avance e para que o ofício de ensinar deixe de ser um ato de resistência solitária e se torne, de fato, uma prioridade nacional.

O Metropolitano

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