Eduardo Bolsonaro e Paulo Figueiredo barrados em encontro diplomático dos EUA; nova era Brasil-EUA exclui os ativistas

Durante visita do chanceler Mauro Vieira ao secretário de Estado americano Marco Rubio, os dois ativistas de direita foram impedidos de participar, simbolizando a ruptura de antigos métodos de pressão na relação bilateral, que agora se reorienta diante dos interesses estratégicos

Paulo Figueiredo, Eduardo Bolsonaro (PL-SP) e um dos memes que circula nas redes sociais – Arte RMC
Luciano Meira

O deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) e o ativista Paulo Figueiredo foram ignorados pelos seus contatos na Casa Branca durante a recente visita do ministro das Relações Exteriores do Brasil, Mauro Vieira, ao secretário de Estado dos EUA, Marco Rubio, na última quarta-feira (15). A dupla tentou de nalguma forma chegar perto da reunião diplomática no Departamento de Estado, mas foi prontamente barrada pela segurança americana numa clara demonstração de que suas tentativas de influenciar nas negociações com suas bravatas e mentiras estão chegando ao fim.Essa ação acontece no contexto da crise gerada pelo chamado “tarifaço” americano contra produtos brasileiros, que incluiu a imposição de tarifas comerciais elevadas com justificativas estratégicas perante o governo brasileiro. Eduardo Bolsonaro e Paulo Figueiredo são figuras centrais no esforço de pressionar o governo dos EUA para impor sanções contra autoridades brasileiras, numa linha de atuação que buscava marcar uma ruptura radical com a diplomacia tradicional. Ambos admitiram anteriormente que haviam tido conhecimento prévio da medida e até discutiram alternativas para sanções direcionadas, tentando justificar os ataques econômicos como algo necessário em sua abjeta visão política.​

Entretanto, o “passa muleque” que a dupla levou na Casa Branca representa uma guinada significativa na relação diplomática. O governo americano, agora sob o comando do presidente Donald Trump, e o chancelar Mauro Vieira estão reconstruindo os laços bilateralmente de forma pautada em interesses estratégicos — onde a influência de figuras como Eduardo e Figueiredo é vista como prejudicial e ultrapassada. O comunicado oficial da reunião qualificou o encontro como positivo e aberto a novas tratativas, em oposição às críticas feitas publicamente por Eduardo Bolsonaro, que acusou o Itamaraty de falhar nas negociações.​

Além do acontecimento diplomático, o episódio ganhou repercussão viral nas redes sociais, sobretudo por meio de memes que ironizam a tentativa frustrada dos dois ativistas de comparecerem na Casa Branca, destacando o caráter pitoresco e até humilhante da exclusão. As imagens e montagens humorísticas circularam amplamente, tornando-se tema de debates sobre o desgaste da atuação política de Eduardo e Figueiredo, ou Débi e Lóide como mostram alguns memes, no cenário internacional.​​

Eduardo Bolsonaro e Paulo Figueiredo construíram nos Estados Unidos uma base de influência para direcionar pressões políticas e econômicas ao Brasil, associadas à agenda do ex-presidente, condenado por tentativa de golpe de estado Jair Bolsonaro e os membros da Organização Criminosa que ele comandava, como ficou claro na condenação imposta pelo STF. A imposição do “tarifaço” americano foi um momento de tensão máxima, com os ativistas defendendo medidas duras contra autoridades brasileiras como o ministro Alexandre de Moraes, o Supremo Tribunal Federal (STF) e o Congresso Nacional. Paulo Figueiredo, neto do último presidente ditador militar no Brasil, e Eduardo Bolsonaro apareceram juntos em diversas ocasiões articulando sanções e censurando lideranças políticas brasileiras.​

Nova era nas relações Brasil-EUA

O Chanceler brasileiro Mauro Vieira e o Secretário de Estado Marco Rubio – Foto: Divulgação

Apesar do que a direita e seus divulgadores de fake news querem fazer as pessoas acreditar, a liderança de Donald Trump se revela altamente personalizada e autoritária, portanto a suposta opinião ou a vontade de Marco Rubio sobre retomada das relações diplomáticas com o Brasil é irrelevante. A sua determinação — de Trump — em restabelecer relações com o Brasil, inclusive com o afastamento de figuras como Eduardo Bolsonaro e Paulo Figueiredo, foi uma ordem direta, não uma simples iniciativa diplomática. É notório que, no governo Trump, suas decisões não passam por votação ou consenso, mas por uma apreciação pessoal do seu papel, o que se evidencia, por exemplo, na forma como tratou Elon Musk, criticando publicamente o empresário por suas posições e ações. Assim, a exclusão dos ativistas na visita ao secretário de Estado americano não foi apenas uma estratégia diplomática, mas uma manifestação do comando absoluto e da nova fase de relacionamento entre Brasil e EUA, onde a influência de figuras políticas extremadas fica cada vez mais diminuta diante da vontade do próprio Trump.

O descarte público de Eduardo e Figueiredo na Casa Branca simboliza uma mudança de paradigma. A prioridade dos EUA agora é firmar alianças mais pragmáticas em função do cenário global, especialmente diante da influência da China na região. A postura do Departamento de Estado, enquanto ignora os dois ativistas, reflete a intenção de um relacionamento institucional renovado, onde antigos agentes de pressão política extrema não têm mais espaço oficial. A reaproximação aberta e estratégica entre Mauro Vieira e Marco Rubio sinaliza essa nova era, distinta das tentativas beligerantes que marcaram o passado recente.

O Metropolitano

Jornalismo profissional e de qualidade. Seu portal de notícias da Região Metropolitana de Belo Horizonte, de Minas Gerais, do Brasil e do Mundo.
Botão Voltar ao topo