Ex-presidente Jair Bolsonaro passa mal em evento em Goiás e cancela agenda

Luciano Meira
O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) precisou cancelar compromissos em Goiás nesta sexta-feira (20) após sentir-se mal durante um evento em um frigorífico em Goiânia. Bolsonaro, que estava acompanhado de aliados e apoiadores, participava de um churrasco promovido pelo empresário Leandro Batista da Nóbrega, quando apresentou indisposição estomacal e vontade de vomitar. Em razão do mal-estar, Bolsonaro retornou para Brasília, onde poderá receber atendimento médico caso os sintomas persistam.
O episódio ocorre em meio a um período de fragilidade na saúde do ex-presidente. Na véspera, durante uma cerimônia em que recebeu o título de cidadão goianiense, Bolsonaro já havia relatado sintomas intensos: “Desculpa, estou muito mal. Vomito dez vezes por dia”, afirmou, interrompendo o discurso devido ao desconforto. O quadro de saúde de Bolsonaro é acompanhado de perto desde abril, quando ele foi submetido a uma cirurgia abdominal para remover aderências no intestino e reconstituir a parede abdominal, consequência das complicações que enfrenta desde o atentado a faca sofrido em 2018. Após o procedimento, ele ficou internado por três semanas e recebeu alta em maio, com recomendações médicas para evitar atividades extenuantes e viagens longas.Além dos problemas de saúde, Bolsonaro vive um momento de intensa pressão política e judicial. O ex-presidente é réu em ação penal no Supremo Tribunal Federal (STF), acusado pela Procuradoria-Geral da República de liderar um suposto plano para tentar reverter o resultado das eleições de 2022 e impedir a posse do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. De acordo com a denúncia, Bolsonaro teria participado do núcleo central da organização criminosa responsável por articular medidas inconstitucionais, incluindo a elaboração de uma minuta golpista que previa a decretação de estado de sítio e a prisão de ministros do STF.
O processo está em fase avançada, com os interrogatórios dos principais réus, incluindo o próprio Bolsonaro, já realizados. A expectativa é de que o julgamento, que pode resultar em penas superiores a 30 anos de prisão em caso de condenação, aconteça ainda no segundo semestre deste ano.
A combinação entre o quadro clínico delicado e o estresse provocado pelas investigações e pelo iminente julgamento no STF tem impactado a rotina de Bolsonaro. A agenda intensa de viagens e eventos políticos, aliada à pressão do processo judicial, tem sido apontada por interlocutores como fator agravante para sua saúde, que já inspira cuidados desde o atentado de 2018 e as sucessivas cirurgias abdominais.
O episódio em Goiás reforça o cenário de vulnerabilidade do ex-presidente, que, mesmo inelegível, segue no debate político nacional e alvo de investigações que podem definir seu futuro político e pessoal nos próximos meses.