Homem bomba detona explosivos e se mata em frente ao STF

Polícia Federal instaura inquérito como Ato Terrorista

Luciano Meira – Agências

Francisco Wanderley Luiz, 59, chaveiro, dono de um carro encontrado com explosivos nas proximidades do STF e que disputou a eleição de 2020 como candidato a vereador pelo PL, com o nome de urna Tiü França, em Rio do Sul (SC), sem ter sido eleito – teve 98 votos, morreu ao se explodir na noite desta quarta-feira (13) em frente ao STF (Supremo Tribunal Federal).

Segundo informações dos seguranças do STF, o homem que morreu tentou entrar no prédio, sem sucesso, e em seguida foi para a frente da estátua da Justiça, onde detonou os explosivos.

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Francisco estava fantasiado como o personagem Coringa, vilão de histórias de quadrinhos, ele vestia uma calça e um terno de mesma estampa com os naipes de cartas de baralho, fundo de cor verde-escuro e, ao lado do corpo, foi encontrado um chapéu branco.

Ele havia publicado em suas redes sociais no início da noite antes de se matar, referências a bombas e explosões e disse que a Polícia Federal teria que desarmar o equipamento, fazendo referência a um jogo, onde acusa José Sarney, Fernando Henrique Cardoso, Geraldo Alckimin e Willian Bonner de “comunistas de merda”.

“Vamos jogar??? Polícia Federal, vocês têm 72 horas para desarmar a bomba que está na casa dos comunistas de merda”, disse, em capturas de tela de celular publicadas em sua página no Facebook.

Francisco esteve no STF dia 24 de agosto, como está publicado em seu perfil no Facebook, uma foto sua (pode ser montagem) em frente ao que seria o plenário do tribunal vazio, dizendo que “deixaram a raposa entrar no galinheiro (chiqueiro)”.

Após as explosões, a Polícia Militar foi acionada, e o Batalhão de Operações Especiais, o Bope, iniciou uma varredura na região.

Naquele momento, a Câmara votava uma PEC (Proposta de Emenda à Constituição) sobre isenção tributária para igrejas. A votação foi suspensa e os trabalhos encerrados após as explosões.

O presidente da Casa, Arthur Lira (PP-AL), decidiu suspender todas as atividades até as 12h de quinta e pediu que o caso seja investigado “com a urgência necessária”. O Senado não terá expediente.

O GSI (Gabinete de Segurança Institucional) realizou uma varredura no Palácio do Planalto e não encointr9u nenhuma ameaça. O Supremo também fará uma varredura na manhã desta quinta-feira (14) para verificar se há mais explosivos próximos à corte.

PF investiga explosões como ato terrorista

No inquérito instaurado pela Policia Federal ainda na noite de ontem, o caso será tratado como ato terrorista, em parte porque a ex-mulher de Francisco afirmou em depoimento a PF que o plano dele era matar o ministro Alexandre de Moraes, do STF (Supremo Tribunal Federal).

Ela também fala que o ex-marido só morreu porque foi descoberto. Nas imagens do circuito de câmeras da praça dos Três Poderes, é possível ver que Luiz recua depois de ser abordado por um segurança. Ele joga alguns explosivos contra a sede do STF, depois se deita no chão com um explosivo perto da cabeça e morre após a detonação.

Mais adiante em suas declarações, a ex-mulher diz que Francisco planejava o ataque desde a derrota do ex-presidente Jair Bolsonaro e fazia buscas no Google para viabilizar o atentado.

A bomba que saiu pela culatra

Em sua primeira manifestação pública após as explosões, o ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Alexandre de Moraes disse que o ocorrido não é um ato isolado e começou com o chamado “gabinete do ódio” na gestão Jair Bolsonaro (PL).

Ele também disse ainda não acreditar em pacificação no país sem que haja punição a criminosos, se colocando contra a anistia a golpistas que participaram do 8 de janeiro de 2023 proposta por bolsonaristas.

“Nós não podemos ignorar o que ocorreu ontem. O que aconteceu ontem não é um fato isolado do contexto. (…) mas o contexto se iniciou lá atrás, quando o ‘gabinete do ódio’ começou a destilar discurso de ódio contra as instituições, contra o STF, principalmente contra a autonomia do Judiciário”, disse o Ministro.

“Isso foi se avolumando sob o falso manto de criminosas utilizações da liberdade de expressão. Ofender, ameaçar, coagir, em nenhum lugar do mundo isso é liberdade de expressão. Isso é crime. E isso foi se avolumando e resultou no 8 de janeiro.”

A Ministra Cármen Lúcia em sessão do TSE – Tribunal Superior Eleitoral disse: “O Brasil foi dormir preocupado com os acontecimentos”. Ela ainda afirmou que o Judiciário deve continuar exercendo suas funções para que “brasileiros e brasileiras continuem a dormir sem preocupações” com “algum vírus que adoeça pessoas ou instituições” e comprometa e contamine a saúde democrática.

A investigação do caso já está no Supremo Tribunal Federal. A relatoria provavelmente caberá a Moraes. O presidente do STF, Luís Roberto Barroso, admitiu a possibilidade de Moraes assumir a investigação sobre as explosões, caso haja conexão com ataques do 8 de janeiro de 2023 que já estão a cargo do Ministro Alexandre de Moraes.